Suponho que os movimentos musculares são uma tentativa ERRADA de fazer a fala sair porque o gago não percebe que está com as cordas vocais enrijecidas. Sua atenção está toda na poluição mental que é a gagueira (controle da fala, antecipação), no que dirá, na reação do ouvinte (compaixão, angústia, frustração). Todo o processo que tentei explicar nas postagens anteriores. Suponho que o bloqueio das cordas vocais seja a certeza da gagueira em determinado som (prever a gagueira), i.e o MEDO de o gago revelar-se gago, e a vergonha de ser gago, que vem das lembranças de tantas situações frustrantes de deboche, arremedo, ridicularizações (problema social internalizado: psicossocial). Assim, o controle da fala (tentar controlar o espontâneo: antecipação) e o MEDO de passar por novas situações frustrantes andam lado a lado. Pensei o que vem antes, o medo ou a tentativa de controlar a fala. O Wladimir escreveu que o medo é produto dessa tentativa. Suponho o seguinte:
não confiar na capacidade de falar => vergonha de revelar que é gago => medo de falar => tentar controlar o que deve ser espontâneo => controlar a fala => antecipação => prever com exatidão onde ocorrerá a gagueira => certeza dos bloqueios => bloqueio de cordas vocais => movimentos corporais.
Acontece que somente após muita atenção à minha fala pude perceber essas ocasiões. Pois (não só) isso tudo acontece na velocidade de um pensamento e pode ser imperceptível se não se prestar muita atenção. Isso se torna um círculo vicioso que se auto-alimenta (tem muito mais coisas importantes que alimentam esse círculo vicioso). Em minha opinião, a quantidade de incógnitas é tão grande que o gago não consegue perceber nem distinguir. Mas após entender o problema dentro de uma lógica, possibilita-se trilhar um determinado caminho.
Suponho que há um comando inconsciente de fechar as cordas vocais por causa do medo. É esse medo (comando inconsciente) que faz descarregar hormônios e elementos químicos percebidos nos gagos. Assim, os aspectos neurológicos seriam decorrentes dos aspectos biopsicossociais. Diversas situações frustrantes traumatizaram o gago e o medo o protegeu. Friedman não explicou exatamente esse o medo nem o Wladimir o comentou no blog dele. Mas ela fez o doutorado em Psicologia Social. Ela avaliou que o conflito falar x calar de fróid, aproximação x evitação, o desejo x fuga é o desejo de falar x medo de gaguejar. Isso explica tudo para quem consegue alcançar essa idéia. Pra mim, isso tem tudo a ver. Grosso modo, é a visão da Psicologia/Psicanálise de autores como Roberta Kelly na visão dialético-histórico.
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Um comentário:
Não vejo a gagueira como um bloqueio das cordas vocais. O problema não está exatamente aí. Ela é na verdade uma interrupção mais ampla do disparo do fluxo motor suave da fala, em razão de algum erro na modulação do movimento, modulação esta que deveria ser feita pelo sistema motor extrapiramidal. Bloqueio das cordas vocais acontece mesmo é na disfonia espasmódica, um distúrbio muito semelhante à gagueira, só que mais localizado.
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