Ontem pedi de novo três pães e 130 gramas de queijo: não gaguejei. Meus exercícios pequenos já estão chatos e repetitivos como os textos deste blog, que na verdade foi outro exercício: emergir todo meu iceberg.
Assim, meus velhos hábitos me levam a tentar superar-me: precisava de algo novo, algo grande... Como não consegui uma palestra bem grande pra gaguejar e não sofrer, pensei em ler na missa... Ontem saí determinado, pensando no assunto e antecipando... Eu conseguiria, gaguejaria ou não, e não sofreria. Mas ler na missa não vai fazer com que eu deixe de gaguejar... Expondo-me a todas as situações de medo em relação à fala pode diminuir as hesitações, mas suponho que mesmo assim não deixaria de ser gago. Apenas encararia cada situação. Seria mais uma de tantas superações por causa da gagueira, seria negação por compensação de novo: http://www.abragagueira.org.br/02abr05.asp. Por este mesmo texto sei que há problemas que marcam profundamente pessoas já velhas como eu. Porque presumo que eu tenha tendência a canalizar meus problemas na fala, se eu continuar por este caminho, uma eventual situação de problemas emocionais fará com que eu passe a ser um gago severo novamente. Assim, não quero admirar-me. Não quero não me importar por gaguejar. Preciso é nem pensar.
“Um indivíduo previamente estigmatizado não alcança aceitação completa como "normal" após a sua reabilitação. A restauração completa das funções anteriormente prejudicadas não resulta na aquisição de um status de ser humano totalmente normal. A mudança de status ocorre, mas no sentido de sair da condição de alguém que era portador de uma limitação para a de alguém com histórico de reabilitação. Isto é, o estigma de ter apresentado uma limitação persiste.”, Telford & Sawrey, 1988.
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Um comentário:
Prezado Sanderson,
Gostaria muito, muito mesmo de conversar com vc. Sou fonoaudióloga, atendo muitas pessoas com gagueira. Tenho lido seu blog, e ele me tem sido uma otima referencia para o tratamento dos meus pacientes, e mesmo como auxílio no meu crescimento pessoal também, visto que a gagueira é uma coisa tão única, e cada paciente acaba fazendo várias escolhas na vida também orientados - ou podados - pela gagueira. Se puder, e se interessar, entre em contato comigo? mariana.pego@gmail.com. Grande abraço!
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