terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Após dois meses

Ainda tenho receio ao descrever isto porque é um assunto muito delicado pra mim, mas lá vai.
Acredito que deixei de gaguejar severamente, principalmente, por "chutar o balde" num assunto em setembro. Com uma gagueira menos severa pude ter oportunidade de experimentar a linha DH. Após dois meses, reinterpretei vários aspectos da gagueira e assim deixei de ser gago em diversas situações. Minha fala é completamente espontânea e não tenho quaisquer bloqueios em várias situações. Apesar de que eu ainda estranhe minha fala fluente, tento logo tirar tal pensamento para que a antecipação não ocupe lugar. Há muitas situações em que nem lembro da gagueira. São situações que ocorrem em horas de conversas com pessoas próximas, pessoas do trabalho e outros colegas em que antes eu até era fluente, mas somente com uma fala muito bem controlada, com substituições, pausas, evitações, etc. A fala controlada é desastrosa para mim porque me faz ter um gasto de energia grande.
No entanto, noutras situações, por exemplo, em conversas com pessoas que não me sinto à vontade, em conversas ao telefone/microfone(msn) eu gaguejo em sons que considero que tenho cismas muito enraizadas, são os casos em que há o R e L na segunda letra. Nessas situações, eu travo feio, mas continuo a fala. É como um carro que não importa se está a 40 ou 120km/h e volta e meia dá umas engasgadas, e continua. Entretanto, ainda sinto medo de conversar, p.ex. com pessoas desconhecidas ao telefone, mas falo. Assim, sou encucado e importo-me muito em relação à forma da minha fala. Mas aprendi o “aceito e continuo”. Aceitar-me gago me faz não ter medo de falar, e assim, falar. Com isso, a fala totalmente fluente e espontânea, sem qualquer antecipação tem sido muito muito mais freqüente que a gagueira. Outro aspecto é que agora consigo perceber quando estou com auto-pressão para ser fluente. Quando antecipo, busco não pensar nas palavras a serem faladas e deixar pra ocasião, apesar disso estar enraizado em mim. Chamo a isso de ligar os alertas e/ou alarmes. Mas atualmente tenho tido sucesso em diversas situações em desligar os alarmes e continuar o discurso. Nessas ocasiões consigo sair ao que chamo de meu turbilhão vicioso de gagueira e volto à minha fala fluente, gaguejada nos sons enraizados. O que é um progresso para mim, pois há situações em que eu travo tanto que balanço o corpo inteiro ao tentar forçar sons a sair: uma gagueira muito severa.
Após esses dois meses, sinto-me mais confortável em relação à minha fala, mas ainda sou muito grilado com a gagueira, tenho medo de falar em público, penso em como falar todos os dias. Quando preciso pedir uma informação ou falar ao telefone, antecipo tudo e fico pensando conscientemente as palavras que serão ditas para pesquisar sons que devo temer, evitar e substituir. Entretanto, já tive oportunidade de falar em público e a fala fluiu, mesmo que gaguejada. Bem, acho que hoje sofro um pouco menos em relação à minha fala.
Além disso, repenso minhas atuais percepções de cobrar-me perfeição em tudo, de exigência comigo mesmo. Não sinto mais a gagueira como uma dor ou um sofrimento. Sinto que a gagueira é só mais um problema e, apesar de desagradável, há problemas muito piores. Hoje falo abertamente sobre minha gagueira para qualquer um. Hoje penso a gagueira com muito mais bom humor e descontração. Apesar de que ainda preciso valorizar mais minha fala fluente do que os momentos de gagueira. É claro que as dúvidas são muitas, p.ex. se seria apenas uma fase boa. Mas essas novas reinterpretações são fundamentalmente baseadas na linha DH. Penso em criar um fórum em que as mensagens possam ser faladas ou tecladas. Afinal, até eu que sou gago sei que falar é muito muito mais fácil que teclar.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Gaguejando

Certo colega é, atualmente, a pessoa com quem mais gaguejo. Ele é bacana, mas tem um problema: é inglês. E eu gaguejo muito falando em inglês com ele. Há vários fonemas que tenho dificuldade e daí fico muito mais limitado e com os alertas ligados. Terei que fazer todo um tratamento em inglês :)
Fui selecionado pra ser lecionar no ano que vem, nem sei no que vai dar, depois penso nisso. Mas agora estou precisando mesmo do emprego. Bem, no sábado fui no curso de capacitação (de Pedagogia). Imagina o sufoco! Fiquei a semana inteira preocupado, em como iria apresentar-me
(dizer meu nome, onde iria trabalhar, a disciplina a lecionar, etc), se teria que fazer apresentação de algum assunto, etc. Fui rindo no ônibus, pois se eu gaguejasse muito, o que a coordenadora faria? Ela me tiraria? E pra variar na apresentação fiquei por último, só pra aumentar a agonia. Fiquei naquela: "sou gago mesmo" e minhas mãos não estavam suando nem o coração disparado... e..., fiquei realmente surpreso: apresentei-me sem gaguejar. Não sei o que aconteceu, mas tentei não ficar feliz com isso, logo tentei ficar neutro e prestar atenção na mulher falando.
O curso foi todo criticando os professores que não tem didática. Todos lá eram professores universitários e ótimos fluentes, então um rapaz criticou um professor que teve, excelente técnico, mas segundo ele, ninguém entendia o que falava nem o que escrevia. Ahh não me contive, pedi a palavra e falei que se deve importar com o conteúdo, e quem reclama da forma é que na verdade não entende o conteúdo e que os alunos universitários devem ter iniciativa, que não se deve pegar na mão de todos pra atravessar a rua, mas ensiná-los a atravessar sozinhos. Uns dois discordaram de mim, inclusive a professora do curso... Quis falar da minha gagueira, e que eles falavam aquilo é porque são ótimos fluentes e não entendem as diferenças, mas achei que iria polemizar demais com um asssunto particular...
Depois tivemos que reunir-nos em grupos. Como fui o mais participativo, fui escolhido para falar o assunto pelo grupo. Dá pra acreditar o descaramento deles?! Quando vi aqueles dedos apontando-me, lembrei das quandas vezes fugi das apresentações, então aceitei. Que coisa, mais ansiedade por esperar minha vez pra falar aiai e meu grupo ainda por cima era o último de novo... E todos os representantes dos outros grupos falaram tão bem que foram elogiados pela professora. Ela perguntou se o meu grupo atenderia às expectativas!
Então comecei a falar dizendo que me deram uma imensa responsabilidade e pressão porque os representantes dos outros grupos expressaram-se muito bem. Eu não queria gaguejar, a vergonha daquelas pessoas, então passei a evitar tudo que fosse gaguejar, então minha fala passou a ser patética e em certo momento travei feio... mas continuei... aí um colega do grupo me salvou e começou a falar e depois outro também, então eu também completei e a professora também e foi assim...
Fiquei mal, mas logo pensei: "ahh, sou gago mesmo, deixa pra lá, não posso ficar cobrando-me em ser perfeito ou tão bom quanto os outros". E consegui até o curso acabar. Mas depois fiquei chateado. Só de madrugada é que percebi que eu falara para 20 pessoas... e gaguejando ou não, falara.

Minha auto-pressão para falar

Há algumas semanas percebi que eu estava usando novos truques: gagueira proposital, pensar "dane-se", etc. Como passei a ter tempos de fluência, passei a substituir novamente para não estragar e não deixar a fala descontínua. Então num domingo indo pra missa pensei em não mais usar tais truques. Depois da missa fui "treinar" numa conversa com o padre. Mas depois uma pessoa do meu trabalho com sua esposa me viram e vieram conversar comigo. Deu vontade de fugir, pois eu tinha certeza que gaguejaria. Mas resolvi ficar e "enfrentar". Levei a conversa pro meu assunto predileto: gagueira. E estava com uma gagueira moderada até que ele me perguntou sobre meu trabalho. É que gaguejo muito ao falar do meu trabalho. Gaguejei tanto que fiquei o domingo inteiro chateado, pensando que "regredira um mês". Depois de tanto refletir, supus ter encontrado os motivos, que são subjetivos, por ter gaguejado tanto. Eu me obrigo a ser fluente com pessoas em certas "posições" e o que ela "representa". Aliado ao fato de que eu não conseguir substituir palavras ao explicar meu trabalho porque são termos técnicos e únicos, já os gaguejei muito e ficou incutido em mim a dificuldade de falá-los. Dias depois conversei novamente com a pessoa e expliquei a situação, que não deve ter entendido, mas para mim foi importante. Mesmo o sofrimento foi bom para perceber meus momentos de gagueira severa.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Nem aí

Noutro dia conversei com um colega pelo msn. Eu não estava "nem aí" para o que ele pensasse da minha fala e quase não gaguejei. Mas recebi elogios de como estou "fluente". Isso faz com que eu admire muito minha fluência e a deseje intensamente. E isso destrói minha fala. Gostaria que não se importassem em como falo. Mas esse não é um bom caminho.

Ontem conversando com o colega, quis mostrar que estou cada vez mais fluente e gaguejei pra carambolas. Não aprendo mesmo... Querer intensamente fluência me faz gago. Aceitar-me gago me faz fluente. Mas o desejo de ser fluente é tão grande...

Preciso aprender a não me importar se se importam com minha fluência. Apesar do objetivo é nem lembrar, agora preciso estar atento: “Olha lá eu de novo antecipando...” e ir pro “nem aí”.

A.V., 9 anos, disse: "Sou gago e não ligo, cê me liga a cobrar e eu desligo".
Preciso aprender a desligar as ligações a cobrar.

Heurística

Ontem pedi de novo três pães e 130 gramas de queijo: não gaguejei. Meus exercícios pequenos já estão chatos e repetitivos como os textos deste blog, que na verdade foi outro exercício: emergir todo meu iceberg.

Assim, meus velhos hábitos me levam a tentar superar-me: precisava de algo novo, algo grande... Como não consegui uma palestra bem grande pra gaguejar e não sofrer, pensei em ler na missa... Ontem saí determinado, pensando no assunto e antecipando... Eu conseguiria, gaguejaria ou não, e não sofreria. Mas ler na missa não vai fazer com que eu deixe de gaguejar... Expondo-me a todas as situações de medo em relação à fala pode diminuir as hesitações, mas suponho que mesmo assim não deixaria de ser gago. Apenas encararia cada situação. Seria mais uma de tantas superações por causa da gagueira, seria negação por compensação de novo: http://www.abragagueira.org.br/02abr05.asp. Por este mesmo texto sei que há problemas que marcam profundamente pessoas já velhas como eu. Porque presumo que eu tenha tendência a canalizar meus problemas na fala, se eu continuar por este caminho, uma eventual situação de problemas emocionais fará com que eu passe a ser um gago severo novamente. Assim, não quero admirar-me. Não quero não me importar por gaguejar. Preciso é nem pensar.

“Um indivíduo previamente estigmatizado não alcança aceitação completa como "normal" após a sua reabilitação. A restauração completa das funções anteriormente prejudicadas não resulta na aquisição de um status de ser humano totalmente normal. A mudança de status ocorre, mas no sentido de sair da condição de alguém que era portador de uma limitação para a de alguém com histórico de reabilitação. Isto é, o estigma de ter apresentado uma limitação persiste.”, Telford & Sawrey, 1988.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Bloqueio de cordas vocais

Ao ler livros de ex-gagos, sugiro que se interprete como o caminho que o autor seguiu. Isto é, seria preciso adaptar os exercícios do autor para o caso do leitor. P.ex., muita gente desiste de ler Terapia Global da Gagueira quando o autor ensina como relaxar certa parte do corpo. Parece ridículo e é mesmo. Mas um colega já me disse que tem a mesma manifestação corporal. Acontece que cada gago deve ter manifestações corporais diferentes e suponho que todas sejam decorrentes do bloqueio de cordas vocais. Fazemos errado. Ao invés de tentar relaxar a garganta, nós gagos fazemos movimentos corporais na tentativa de fazer a fala sair. Estamos condicionados a isso desde crianças.
Seria preciso analisar quais manifestações corporais o gago tem. E tentar encontrar seu próprio caminho, que necessariamente será diferente de todos porque seu histórico social é necessariamente diferente.
Mas suponho que em todos os livros tenha o seguinte: exponha-se paulatinamente a situações de medo e aceite sua forma de falar, i.e pare de tentar esconder que é gago, pare de ter vergonha disso.

Medo de falar

Suponho que os movimentos musculares são uma tentativa ERRADA de fazer a fala sair porque o gago não percebe que está com as cordas vocais enrijecidas. Sua atenção está toda na poluição mental que é a gagueira (controle da fala, antecipação), no que dirá, na reação do ouvinte (compaixão, angústia, frustração). Todo o processo que tentei explicar nas postagens anteriores. Suponho que o bloqueio das cordas vocais seja a certeza da gagueira em determinado som (prever a gagueira), i.e o MEDO de o gago revelar-se gago, e a vergonha de ser gago, que vem das lembranças de tantas situações frustrantes de deboche, arremedo, ridicularizações (problema social internalizado: psicossocial). Assim, o controle da fala (tentar controlar o espontâneo: antecipação) e o MEDO de passar por novas situações frustrantes andam lado a lado. Pensei o que vem antes, o medo ou a tentativa de controlar a fala. O Wladimir escreveu que o medo é produto dessa tentativa. Suponho o seguinte:
não confiar na capacidade de falar => vergonha de revelar que é gago => medo de falar => tentar controlar o que deve ser espontâneo => controlar a fala => antecipação => prever com exatidão onde ocorrerá a gagueira => certeza dos bloqueios => bloqueio de cordas vocais => movimentos corporais.
Acontece que somente após muita atenção à minha fala pude perceber essas ocasiões. Pois (não só) isso tudo acontece na velocidade de um pensamento e pode ser imperceptível se não se prestar muita atenção. Isso se torna um círculo vicioso que se auto-alimenta (tem muito mais coisas importantes que alimentam esse círculo vicioso). Em minha opinião, a quantidade de incógnitas é tão grande que o gago não consegue perceber nem distinguir. Mas após entender o problema dentro de uma lógica, possibilita-se trilhar um determinado caminho.

Suponho que há um comando inconsciente de fechar as cordas vocais por causa do medo. É esse medo (comando inconsciente) que faz descarregar hormônios e elementos químicos percebidos nos gagos. Assim, os aspectos neurológicos seriam decorrentes dos aspectos biopsicossociais. Diversas situações frustrantes traumatizaram o gago e o medo o protegeu. Friedman não explicou exatamente esse o medo nem o Wladimir o comentou no blog dele. Mas ela fez o doutorado em Psicologia Social. Ela avaliou que o conflito falar x calar de fróid, aproximação x evitação, o desejo x fuga é o desejo de falar x medo de gaguejar. Isso explica tudo para quem consegue alcançar essa idéia. Pra mim, isso tem tudo a ver. Grosso modo, é a visão da Psicologia/Psicanálise de autores como Roberta Kelly na visão dialético-histórico.

TOC e gagueira?

Moura, muito pertinente seu comentário. Obrigado.
Esse é um pensamento de muitos gagos. Por exemplo, no Orkut há uma comunidade com quase três mil gagos e lá se discute isso. Há gagos que confundem TOC, asma, pesadelo, sexualidade, ser canhoto e muitas outras coisas com gagueira. Penso que fazer terapia é uma ótima opção para auto-conhecimento e assim poder distinguir as coisas. O terapeuta não saberá o que é gagueira nem como tratá-la, mas quando o gago tratar especificamente a gagueira, conseguirá não se confundir com outras coisas.
Suponho que os sons com crenças enraizadas tão comuns no discurso dos gagos são decorrentes de sucessivos traumas em seus históricos sociais, que por sua vez é uma das causas da gagueira. Penso que não são TOC e que os movimentos corporais são decorrentes da tentativa errada de desbloquear as cordas vocais.
Posso continuar a conversar sobre gagueira contigo? Espero seus comentários.
“Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os, porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes”, Gurdjief

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Conscientização

Muitos colegas gagos me perguntam como tratar a ridicularização e o deboche dos outros.

"Na época do Império Romano, os gagos eram exibidos em jaulas e forçados a falar para diversão dos espectadores. Hoje, muito mais civilizados, rimos deles nas histórias em quadrinhos, no cinema, no rádio e na TV". Com essa observação, o médico Charles Van Riper identificou, o que ainda hoje, em pleno século XXI, representa um grande obstáculo nos tratamentos da gagueira: o desrespeito com quem tem o problema.

Após esse texto, uma pessoa fluente comentou que então era pra eu ser comediante. Respondi da seguinte forma:

Oi XXX, Tudo bem? Que bom que te faço rir com algo que sempre me trouxe tanta angustia e que ainda sofro. Imagina se você soubesse tudo que tem para dizer, mas não consegue. Os sons saíssem truncados e com movimentos corporais bizarros. E se na sua vida inteira (infância, adolescência e vida adulta) todos rissem, debochassem e ridicularizassem por causa disso? Você riria de si mesmo? Você ridicularizaria a si mesmo? Você debocharia de si mesmo? É que na mídia, o gago sempre é idiotizado, nas novelas, por humoristas, etc. É sempre motivo de ridicularização. Bom se eu conseguisse rir da minha da mesma forma que você ri. Mas sabe, ainda não consigo. São milhões com esse problema no mundo. Pessoalmente, encontro-me freqüentemente com uns 40 gagos. Nos vários fóruns virtuais pelo mundo, tenho contado com mais de mil. Os sofrimentos são da seguinte forma: vergonha, culpa por não conseguir fazer algo tão “fácil” como falar, sentimento de inferioridade, baixa auto-estima, angústia, frustração, embaraço, constragimento, amargura. Já conversei com gagos que pensaram em suicídio. Outras pensaram em cortar a língua para “acabar” com a agonia. Wendell Johson (1946, p.458) definiu assim o problema: “Se você nunca foi gago não pode ter a mais remota idéia do misterioso poder de desaprovação da sociedade para com isso a que chamam de gagueira. É talvez uma das influências sociais mais desmoralizantes, perplexificantes e aterradorasde nossa cultura”. Sei que suas palavras não foram por mal. Foi por pura ignorância mesmo, i.e. falta de informação. E é por causa disso que iniciei o blog. Vamos conversar sobre gagueira? Gosto de ti. É que você perceberá a seriedade que trato o assunto. Você me conhece e sabe que sou gago de fala, mas não de cérebro. Fica com Deus.

E tive uma resposta muito educada com um singelo pedido (aceito!) de desculpas.

Tudo bem! A gente precisa é de mais informação :)
Lembro que não é uma característica. É um problema que merece atenção e tentativa de superação.

Fluência e gagueira

Grosso modo, a fala para os fluentes se dá segundo o seguinte processo: Pensamento -> fala.

Para o gago é um pouquinho mais trabalhoso: Pensamento => desejo de falar => aproximação => não confiança na capacidade de falar => controlar a fala <=> tentar controlar o espontâneo <=> medo de falar <=> antecipar <=> esconder a gagueira <=> vergonha de gaguejar <=> auto-pressão para falar dependendo da situação segundo a subjetividade e história social <=> tentativa de fuga, i.e. de calar <=> evitação <=> ansiedade <=> nervosismo <=> sofrimento (angústia, frustração, amargura, culpa, sentimento de inferioridade, baixa auto-estima, constrangimento, embaraço) <=> tensão => bloqueio de cordas vocais => esforço para falar => movimentos corporais na tentativa de falar => gagueira.

Lembrando que esse turbilhão vai <=> e volta segundo a auto-pressão para falar dependendo da situação segundo a subjetividade e história social. Quem conseguiria falar bem assim?!

Assim, suponho que a antecipação seja um dos mecanismos para controlar a fala; que o medo é desencadeado pelas lembranças enraizadas de sons/situações que já me causaram vergonha; busco esconder a gagueira, que é a minha vergonha; entro no turbilhão (círculo é pouco) vicioso de não confiança na fala, vários tipos de sofrimento e bloqueios, em que se dá a gagueira. Ou seja, como conseqüências ocorrem os bloqueios.

Isso explicaria porque não tenho bloqueios em certas situações: p.ex., conversas com pessoas que não me sinto julgado. Nessas situações como estou completamente relaxado, entro num círculo virtuoso, pois a fluência traz mais fluência, tenho confiança na fala, não tenho medo, assim não há necessidade de antecipar (controlar), mesmo fonemas muito internalizados que tenho uma crença enraizada que gaguejo, eu 'nem lembro' e não gaguejo.

Nessa visão, ansiedade, medo, nervosismo, problemas emocionais e tantas outras descrições são produtos da gagueira e a intensificam.

Por essa visão, suponho que os bloqueios, repetições e prolongamentos de sons são manifestações da gagueira, bem como as manifestações corporais. Assim, tratar as manifestações, como faz a maioria das fonoaudiólogas, entendo que não é tratamento adequado e internaliza ainda mais a gagueira no indivíduo. Essas fonoaudiólogas deveriam repensar se o que fazem é trabalho, mesmo se suas intenções sejam boas, pois “de boas intenções o inferno está cheio”. Tentar controlar o que deve ser espontâneo (a fala) faz o gago internalizar ainda mais sua auto-imagem de mau falante.

O que é a gagueira?

Seguindo a visão Dialético Histórica: "A gagueira é o efeito de uma forma de funcionamento subjetivo singular na produção de fala, derivada de uma imagem estigmatizada de si como falante". Suponho, porque o conhecimento se dá por conjecturas, que a antecipação seja um dos mecanismos para controlar a fala; que o medo é desencadeado pelas lembranças enraizadas de sons/situações que já me causaram vergonha; busco esconder a gagueira, que é a minha vergonha; entro no turbilhão vicioso de não confiança na fala, vários tipos de sofrimento e bloqueios, em que se dá a gagueira. Ou seja, como conseqüências ocorrem os bloqueios.

Isso explicaria por que tenho bloqueios em certas situações e noutras sou totalmente fluente: como conversas com pessoas que não me sinto julgado. Nessas situações como estou completamente relaxado, sem auto-pressão para falar, entro num círculo virtuoso, pois a fluência traz mais fluência, tenho confiança na fala, não tenho medo, assim não há necessidade de antecipar (controlar), mesmo fonemas muito internalizados que tenho uma crença enraizada que gaguejo, eu 'nem lembro' e não gaguejo.

Nessa visão, ansiedade, medo, nervosismo, problemas emocionais e tantas outras descrições são produtos da gagueira e a intensificam.

Por essa visão, suponho que os bloqueios, repetições e prolongamentos de sons são manifestações da gagueira, bem como os movimentos corporais. Assim, tratar as manifestações, como faz a maioria das fonoaudiólogas entendo que não é tratamento adequado e internaliza ainda mais a gagueira no indivíduo. Essas fonoaudiólogas poderiam repensar seus trabalhos. Mesmo que suas intenções sejam boas, “de boas intenções o inferno está cheio”.

Desta forma, o pior da gagueira é qualquer forma de sofrimento: angústia, frustração, amargura, culpa, sentimento de inferioridade, baixa auto-estima, vergonha, constrangimento, embaraço.

Outra adaptação de uma música de Bob brincando com minha gagueira

http://youtube.com/watch?v=GsVkV3AZqqI
Gago,
Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos!
Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos!
Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos!
Get up, stand up: dont give up the fight! Levante-se, clame: não desista da luta!

Preacherman, dont tell me, Especialista, não me diga
Heaven is under the earth. Que a gagueira tem solução num $$$aparelho$$$ nem num $$$comprimido$$$
I know you dont know. Eu sei que você não sabe
What life is really worth. O que realmente é a gagueira
Its not all that glitters is gold; Nem tudo que reluz é ouro $$$
all the story has never been told: toda a estória nunca foi contada…
So now you see the light, eh! Então agora você vê a luz, eh!
Stand up for your rights. come on! Levante-se por seus direitos. Venha!

Gago,
Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos.
Get up, stand up: dont give up the fight! Levante-se, clame: não desista da luta!
Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos.
Get up, stand up: dont give up the fight! Levante-se, clame: não desista da luta!

Most people think, Você vê que muitos gagos pensam
Great God will come from the skies, Que um comprimido ou aparelho qualquer os livrará da gagueira
Take away everything, Que levará embora toda a poluição mental
And make everybody feel high. E fará todos sentirem-se melhor
But if you know what life is worth, Mas se soubessem o quanto a fala e a vida são valiosas
You will look for yours on earth: Olhariam para suas vidas e suas falas agora
And now you see the light, E agora você vê a luz
You stand up for your rights. jah! Você clama por seus direitos! Deus!

Get up, stand up! (jah, jah!) Levante-se, clame! Deus, Deus!
Stand up for your rights! (oh-hoo!) Clame por seus direitos!
Get up, stand up! (get up, stand up!) Levante-se, clame! Levante-se, clame!
Dont give up the fight! (life is your right!) Não desista da luta! A fala é seu direito!
Get up, stand up! (so we cant give up the fight!) Levante-se, clame! Então nós não podemos desistir da luta!
Stand up for your rights! (lord, lord!) Levante-se por seus direitos! Deus, Deus!
Get up, stand up! (keep on struggling on!) Levante-se, clame! Mantenha-se na luta!
Dont give up the fight! (yeah!) Não desista da luta! É isso aí!

Especialista em gagueira-controle,
We sick an tired of-a your ism-skism game. Estamos cansados de seu jogo de palavras rebuscadas, dizendo que somos “leigos”
Dyin n goin to heaven in-a jesus name, lord. Doentes e seguindo para um caminho errado, Deus!
We know when we understand: Nós sabemos quando compreendemos
Almighty God is a living man. Deus está vivo
You can fool some people sometimes, Você consegue enganar algumas pessoas algumas vezes
But you cant fool all the people all the time. Mas você não consegue enganar todos todo o tempo
So now we see the light (what you gonna do? ), Então agora você vê a luz (o que vamos fazer?)
We gonna stand up for our rights! (yeah, yeah, yeah!) Devemos clamar por nossos direitos! É isso aí, é isso aí, é isso aí!

So you better: Gago, então é melhor você
Get up, stand up! (in the morning! git it up!) Levante-se, clame! De manhã! Incomode-as!
Stand up for your rights! (stand up for our rights!)
Get up, stand up!
Dont give up the fight! (dont give it up, dont give it up!)
Get up, stand up! (get up, stand up!)
Stand up for your rights! (get up, stand up!)
Get up, stand up! ( ... )
Dont give up the fight! (get up, stand up!)
Get up, stand up! ( ... )
Stand up for your rights!
Get up, stand up!
Dont give up the fight! /fadeout/

Brincadeira com minha gagueira

Em ingles está a letra do Bob Marley e em português adaptei para a minha gagueira. O som de violão no começo da música é muito legal: http://youtube.com/watch?v=zsAXUuJR7J0

Old pirates, yes, they rob I; Essa visão deturpada da sociedade roubou minha fala fluente
Sold I to the merchant ships, Levaram-me por um caminho errado
Minutes after they took I. Durante toda a infância, adolescência e assim por diante
From the bottomless pit. Hoje tenho uma poluição mental
But my hand was made strong, Mas meu espírito foi feito forte
By the hand of the almighty. Pelas mãos de meu Deus, pois muitos sucumbiram na jornada
We forward in this generation, Nós seguimos em frente nesta geração
Triumphantly. Triunfalmente
Wont you help to sing, Você não nos ajudará a cantar
These songs of freedom? Estas canções (tratamentos alternativos) de liberdade?
cause all I ever have: Porque TUDO que sempre tive foram
Redemption songs; Canções de redenção
Redemption songs. Canções de redenção

Emancipate yourselves from mental slavery; Conquistem suas próprias emancipações da escravidão mental
None but ourselves can free our minds. NINGUÉM (nem aparelhos nem comprimidos) mas somente nós mesmos podemos libertar nossas próprias mentes
Have no fear for atomic energy, Sem medo de enfrentar as situações
cause none of them can stop the time. Porque nenhuma delas pode parar o tempo
How long shall they kill our prophets, Por quanto tempo elas irão calar nossos profetas (porque $$$ tantas críticas e não dar a atenção merecida)
While we stand aside and look? ooh! Enquanto nós evitamos e observamos?
Some say its just a part of it: Algumas dizem que é somente uma caracterítica. Não. É uma problema que merece atenção e tentative de superação
Weve got to fulfil de book. Nós queremos também realizar nossos sonhos
Wont you help to sing, Você não nos ajudará a cantar
These songs of freedom? Estas canções de liberdade?
cause all I ever have: Porque TUDO que sempre tive foram
Redemption songs; Canções de redenção, todos os dias, de todos os modos
Redemption songs;
Redemption songs.
---
/guitar break/
---
Emancipate yourselves from mental slavery;
None but ourselves can free our mind.
Wo! have no fear for atomic energy,
cause none of them-a can-a stop-a the time.
How long shall they kill our prophets,
While we stand aside and look?
Yes, some say its just a part of it:
Weve got to fulfil de book.
Wont you help to sing
Dese songs of freedom? -
cause all I ever had:
Redemption songs -
All I ever had:
Redemption songs:
These songs of freedom,
Songs of freedom.

Cinco dias sem sofrer

14/nov: Ontem, 3a, 13, um pensamento salvou minha estatística. Caminhando para encontrar meus colegas gagos, pensei na conversa que teria com duas pessoas fluentes. Era um dos meus exercícios. Como o assunto poderia ter conflito, literalmente pensei: “Preciso ser fluente, preciso controlar a fala para não gaguejar e mostrar que sou seguro”. Isso arruinaria meu dia. Mas eu felizmente estava atento. Imediatamente pensei: “Não. Eu devo mesmo é gaguejar. Não devo pressionar-me para falar. Devo gaguejar. A fala gaguejada não determina se sou seguro ou não”. Suponho que este pensamento tenha salvado meu dia.

Quase não gaguejei. Senti confiança na fala. Gaguejei sim. Mas logo pensei: “dane-se... não irei sofrer por causa disso” e fui em frente. Gaguejei bastante propositalmente e brinquei com minha fala. Fui até petulante com uma pessoa fluente que se supõe entender da gagueira. Eu disse fluentemente que não sou especialista em gagueira. Mas estou estudando para tornar-me especialista na minha gagueira.

Ao final do encontro, eu estava sentindo-me muito bem. Com o maravilhoso sentimento de dever cumprido: fui, gaguejei e não sofri. Cinco dias sem recaídas psicológicas.

Antes um tabu, tornou-se meu assunto predileto!

14/nov Friedman, Sílvia. Gagueira. In. Lopes Filho, Otacílio de C. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 1997, escreveu: "Ao aceitar a gagueira rompe-se o círculo vicioso que a sustenta, porque se anula a necessidade de tentar falar bem, isso permite a dissolução das tensões e o desaparecimento dos truques".

Sinto que se não emergi tudo, emergi grande parte do meu iceberg. Preciso pensar o que mais levar pra superfície.

Disfluo muito em minha fala fluente. Isso me causava gagueira porque eu pensava que as disfluências fossem gagueira. Então ligava os alarmes e passada a controlar a fala: gagueira. Quando percebi isso, passei a não mais ligar os alarmes. Sorrio por dentro que não preciso ligar mais nenhum alarme. Parei de gaguejar por causa das minhas disfluências, que ninguém percebe, só eu, mas porque presto atenção na minha fala. Isso é muito bom: grande parte da minha gagueira foi eliminada só com isso.

Outro tanto foi eliminado com um truque: quando gaguejo eu penso: “dane-se...”, e continuo. Outro é que como aceito ser gago, gagos tem que gaguejar. Não quero mais esconder a gagueira. Quero falar abertamente dela. Não quero mais ter vergonha de gaguejar. Como eu poderia ser gago se não gaguejasse? Assim, devo gaguejar. Isso me liberta da pressão de bem falar. Assim minha fala tem fluído, mesmo se gaguejo. Passei a falar a “torta e a direito”.

Sinto que já aceito a gagueira. Tento não mais substituir ou fazer qualquer outro truque. Quando substituo, volto, e enfrento a palavra infeliz. Cara limpa e sem truques!
Agora substituo às avessas: incluso é as palavras com sons enraizados que não consiguia falar.

Falo normalmente pelos corredores que sou gago. Não me escondo mais. Não me calo mais. Falo nos restaurantes, em todo lugar e com qualquer um. Qualquer um mesmo? Existe alguém que tenho vergonha de dizer que sou gago? Ah, tem sim. Mas eles ainda me verão gaguejando e falando de gagueira.

Antecipação

14/nov: Dia 29/out viajei pra SP e não consegui dormir no ônibus.
Estava com o livro Gagueira e Subjetividade, lia a Mensagem ao Gago de Sheehan, pensava no texto de Pedro Rodrigues e o que significava a fundo tudo aquilo. O que havia lido do site da Dra. Friedman e das mensagens do Wladimir.
Entendi o que é gagueira em Resende, às 2h30 da madrugada, 5h30 antes de conhecer a Dra. Friedman. Quando encontrei a Dra. Friedman e a Fga. Renata em SP, tive convicção das minhas novas percepções. Nas duas semanas seguintes, fraquejei dia sim, dia não: tive recaídas psicológicas e de fluência. É difícil ser persistente e determinado. Muitas dúvidas e pensamentos negativos me assolam. Não tenho certeza de nada. Quis tanto recarregar minhas baterias com as duas diariamente lá em SP. Mas não dá. O começo tem sido de transtornos e confusões mentais tremendos. Mas hoje estou há cinco dias sem recaídas psicológicas: gaguejo e não sofro. Por conseqüência, a gagueira diminuiu significativamente. Sinto confiança na fala. Gosto de falar. Consigo tentar enfrentar o medo das situações, pessoas e sons temidos.

"(...) A gagueira não é um problema da fala, mas um problema da identidade do sujeito que luta para não produzir um padrão de fala que prevê, ou seja, luta para não se mostrar com uma imagem estigmatizada de falante. (...) é fundamental que o paciente tenha chegado a algum patamar de aceitação da gagueira, sendo capaz de compreendê-la não como um problema de fala, mas como produto de seu comportamento de prevê-la", Silvia Friedman

Tratado de Fonoaudiologia

Selecionei partes de Friedman, Sílvia. Gagueira. In. Lopes Filho, Otacílio de C. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 1997:
Conhecida máxima que alguns estudiosos da gagueira enunciaram:
quanto mais se tenta falar bem, menos se consegue fazê-lo.
O que distingue o falante comum do falante que vive a gagueira-sofrimento é, fundamentalmente, a imagem estigmatizada de falante.
Ao aceitar a gagueira rompe-se o círculo vicioso que a sustenta, porque se anula a necessidade de tentar falar bem, isso permite a dissolução das tensões e o desaparecimento dos truques.
Quanto à postura de falante como um todo o paciente se torna capaz de perceber e valorizar a sua fluência. Passa a ser capaz também de brincar com a gagueira, geralmente, gaguejando de propósito em momentos de sua escolha. Com isso deixa de perceber na sua fluência uma ameaça, um sinal de que a qualquer momento sobrevirá a gagueira.
Desfazer rituais para falar bem é sem dúvida uma tarefa difícil, por serem eles automatizados pelo uso, constituindo o padrão peculiar de fala do indivíduo, tanto quanto é automatizado e peculiar o padrão de falar de qualquer um de nós. Para que se possa chegar a desfazê-los é fundamental que o paciente tenha chegado a algum patamar de aceitação da gagueira, sendo capaz de compreendê-la não como um problema de fala, mas como produto de seu comportamento de prevê-la. Sentindo algum grau de aceitação para com a gagueira ele se torna capaz de ver os rituais para falar bem, como parte da gagueira e não como solução viável para ela.

Esforço mental

12/nov: Ontem fiz mais um relato sobre a linha Dialético Histórica e acho que a reafirmei para alguns e mais dois perceberam que pode haver coerência.

Em todas as situações meu objetivo é: gaguejar e não ter qualquer sintoma de sofrimento, em nenhuma de suas formas.

Mas é um esforço mental grande.
Além do esforço mental que eu, gago, tenho para antecipar (controlar a fala), agora faço esforço mental para não antecipar e a todo instante ter pensamentos tais como este: “dane-se se gaguejei, não faço ninguém sofrer com minha gagueira, não devo fazer-me sofrer”.

E sabe o que se dá: tenho ganho cada vez mais confiança na minha fala.
É maravilhoso aceitar que disfluências façam parte da fluência.
Tenho experimentado dias quase sem bloqueios. É fantástico.
Agora já parei de chorar por perceber que tenho capacidade de falar ao telefone, falar meu número de telefone, minha idade, número do apartamento, perguntar qualquer coisa para qualquer pessoa, etc. Mesmo que eu gagueje, sorrio por dentro quando sinto o medo de falar. Antes ele estava aqui e eu não tinha plena consciência. Quero ser íntimo desse sentimento.

Mensagem ao G8

11/nov: O tratamento da Dra. Silvia: Dialético Histórico, NÃO é para quem quer fluência 100%! Porque isso não existe. Este tratamento é para o gago justamente mudar sua percepção de exigir-se uma fala perfeita. Este tratamento é para o gago deixar de ter qualquer forma de sofrimento, com isto, ganhando mais qualidade de vida. Grosso modo, é um tratamento psicológico voltado à fala, por isso é dado por fonoaudióloga com especialização em Psicologia Social, pois se percebe de forma coerente que o problema da gagueira é psicossocial. Este tratamento é para pessoas que conseguem falar tudo em algum momento: sozinho, quando fala com animais, bebês, pessoas em que se percebe relaxado, em que não se sente julgado. Uma característica dita em uníssono pelos colegas de São Paulo que conversei: “É muito bom!”.

Isso é muito subjetivo, mas suponho que se percebe resultados em qualidade de vida após quatro ou seis meses, isto é, após entender o tratamento. No meu caso, só fui conhecer a Dra. Silvia e a Fga. Renata após entender o tratamento, pois tudo está explicado na Internet e nos livros da Dra. Silvia.

Disseram-me que estou mais confiante em relação à fala após a viagem a São Paulo. Isto não é verdade. Estou mais confiante por causa das percepções em relação à minha fala e porque chutei o balde de um assunto pessoal em setembro. Fui a São Paulo para confirmar se era o que eu estava percebendo. Se não fosse, eu estava convicto de que o tratamento não serviria para mim. Mas a Dra. Silvia deu-me oportunidade para externar o que eu sentia e confirmar minhas novas percepções em relação à minha gagueira.

A gagueira e a solução estão aí em cada um de vocês. Cada um percorrerá o seu próprio caminho. Então por que não faço o tratamento sozinho? Porque posso sair do caminho do tratamento, isto é, posso voltar a seguir velhos hábitos. Por isso, preciso de uma pessoa experiente no tratamento que me recoloque no caminho, quando eu fraquejar.

O tratamento começará para o gago quando aceitar a gagueira. Este tratamento se dá “às avessas”. Quando você se permite gaguejar e se aceita como gago, a fala flui. Quando você luta contra a gagueira, ela será cada vez mais intensa.

Quando apresento o tratamento, percebo que até defensores ferrenhos das causas neurológicas ficam... pensativos.

Como aceitar a gagueira?

11/nov: Um colega me perguntou como aceitar a gagueira. Os MEUS exercícios (que na verdade não são meus, mas que sigo de vários livros sobre o assunto, não somente da Dra. Friedman):
- falo aberta, franca e sinceramente sobre minha gagueira com QUALQUER um que queira me ouvir. Hoje é meu assunto predileto;
- incluo gagueira proposital na fala: brinco com a minha fala;
- tento achar a MINHA gagueira engraçada;
- quando gaguejo, digo “dane-se...” bem forte e fundo pra mim mesmo e continuo;
- quando tenho bloqueios, penso bem forte e fundo: “não sofrerei!”;
- faço substituição ao contrário. Incluo os sons temidos na fala. Acho que progredi um pouquinho. Antes eu tinha certeza que não conseguia falar esses sons. Agora tenho certeza que irei gaguejá-los. Mas nos últimos dias os sons, mesmo com tensão, têm saído com menos esforço;
- coloco-me em situações que sinto medo de falar;
- tento não controlar mais a fala. Quando substituo, volto e enfrento a palavra infeliz: gaguejo e tento desbloquear as cordas vocais, estranhando como é estranho eu em certas situações falar a mesma palavra fluentemente e noutras gaguejar. Percebi que é a auto-pressão que faço sobre COMO devo falar na situação e pessoa(s). Isso me fazia cair no turbilhão vicioso...

Sou fraco. Ainda sinto que pode ser só bobagem da minha cabeça.
Que isso tudo pode ser somente decorrente de dias que eu naturalmente gaguejaria menos. Não tenho certeza de nada. Mas sinto que é um alívio gaguejar e não sofrer. É liberdade permitir a gagueira. Só por isso já vale a pena.

Os blogs deveriam ser por mensagens faladas. O blogger gravaria mensagens por voz, bem como quem comentasse. Afinal, falar é muito muito mais fácil que teclar.

Exercícios

9/nov: Decidi fazer exercícios diários para a gagueira.
Desde o dia 17/out faço isso.
Não sei se estou certo ou não, mas estou fazendo.
Bem, meu exercício de hoje foi o seguinte: fazer perguntas numa apresentação.
Todos as semanas, sou obrigado a assistir palestras sobre Computação/Matemática/Engenharia de pesquisadores. São doutores e e pós-doutores das principais universidades do Brasil e algumas vezes europeus, estadunidenses, indianos, etc.
Em todas as apresentações os colegas fazem perguntas.
Muitas vezes tive vontade, mas a vergonha de gaguejar me fez calar.
Hoje, decidi que faria alguma pergunta.
Mas as perguntas geralmente são complicadas. Como perguntas de congresso. Não dá pra fazer pergunta do tipo: "explica de novo, por favor".
Bem, não pode ser uma pergunta muito imbecil.
Pois bem, hoje a palestra foi de uma pesquisadora da Coppe e Unirio que ganhou um prêmio de uma entidade estadunidense.
Ela é psiquiatra e coordenou uma pesquisa sobre um medicamento, a olanzapina, em esquizofrênicos utilizando Redes Neurais e Metaheurísticas para classificar subgrupos.
Uma pessoa fez uma pergunta, encontrei oportunidade para a deixa pra minha pergunta.
Tinha que explicar a dúvida. O coração disparou, ansiedade, estas coisas de gago... Mas não dava pra perder a oportunidade ou eu ficaria frustrado.
Levantei a mão, esperei ter a palavra e comecei a pergunta. E bloqueei no "esquizofrenia". Daí a mulher me completou. Ai, eu não podia reclamar da mulher por ter me completado. Nem deu tempo de dizer "dane-se" mentalmente e continuei a pergunta. Depois ganhei mais coragem e aproveitei pra fazer mais umas duas perguntas só pra me acostumar. Também não dava pra abusar...
Depois conversando com colegas, um me disse que não sabia que sou gago. Claro, nunca havia me exposto. Fui por muito tempo um gago "por dentro". A conversa começou com todos rindo. Deixei-os rir e ri junto.
Então expliquei que sou gago e o que entendo da gagueira.
Como perceberam a seriedade que dou ao assunto, passaram a prestar atenção com seriedade também.
Meu objetivo foi alcançado.
Gaguejei na frente de uma sala cheia e não senti vergonha, nem antes, nem durante, nem depois. Não sofri.
Obs.: esse foi meu 2o exercício de hoje. Percebi que nunca tinha gaguejado propositalmente para mais que uma pessoa. Hoje na rua, escolhi três pessoas que me pareceram bem inamistosas e gaguejei propositalmente pedindo uma informação qualquer. Na hora tive medo porque achei que iria bloquear realmente, mas saiu hehe

O medo

1a semana/nov: Li certo tanto: História, Psicanálise, Psicologia, alguma coisa de Fisiologia, por curiosidade e assim tentando contextualizar-me em minha contemporaneidade. Li muitos casos de pacientes gagos deixarem o tratamento terapêutico quando o autor (o terapeuta) SUPUNHA que estavam prestes a chegar a algo importante do paciente.
Em outras palavras, SUPONHO entender o porquê dos casos que li, o paciente parou a terapia e o autor, muitas vezes de forma arrogante, deixa a entender que o paciente é um fraco por desistir quando o terapeuta SUPUNHA que resolveriam algo importante. A explicação PODE ser:
- É preciso saber que cada indivíduo é diferente em todos os aspectos, mesmo que todos sejamos semelhantes;
- Mesmo com extremo conhecimento técnico, os terapeutas não tinham muita experiência de vida e de pessoas para entender o paciente;
- As pessoas somos o possível em cada momento;
- Saber como os terapeutas e os indivíduos entendem, subjetivamente, o MEDO.

O medo é bom. É uma defesa natural da estrutura psíquica do indivíduo. Antropologicamente, não fosse o medo, não estaríamos aqui. “O medo é um importante aliado para nos protegermos”, Dra. Roberta Kelly. O medo é um muro que nos protege (e nos protegeu) dos traumas (quando pequenas crianças/adolescentes). Há pessoas que não estão preparadas emocional e psiquicamente para entender e/ou retirar o medo de suas vidas.

Ser o possível a cada momento

30/out: Na primeira explanação do que entendo da minha gagueira, os colegas me parabenizaram. Uma colega disse que está orgulhosa de mim. Respondi que não tenho orgulho. Primeiro porque pra mim orgulho só é bom quando tem a conotação de admiração, pois preciso cuidar para que arrogância não venha a ser negação por compensação novamente, para esconder sentimento de inferioridade. Segundo, porque acho que não entenderam. Agora é que começa o caminho. Antes eu estava feito um cachorro otário correndo atrás do rabo. Agora enxergo meu caminho a trilhar. Terceiro, porque ontem estava cobrando-me por ter montado o quebra-cabeças só agora, depois de velho. Mas alegrei-me em saber que até uma pessoa de 78 pode vir a curar-se da gagueira com sofrimento. E tenho que internalizar bem fundo que sou o possível em cada momento. Só consegui agora, não posso cobrar-me ou culpar-me por não ter entendido isso aos 17. E em quarto, só agora conheci (pessoal ou virtualmente) as pessoas certas no momento certo.

Quando admiti que SOU GAGO foi um alívio. Chorei quando percebi, deixando ir embora todo a angústia. Mas homens não choram não é?! Homens precisam ser fortões, machões né?! Isso foi outra pecinha no meu quebra-cabeças que explicaria parcialmente por que há 4 gagos para 1 gaga (sem essa de menos ou mais dopamina). Uma outra explicação é que os homens precisamos ridicularizar os outros para determinar território e auto-afirmação, o que as mulheres não fazem. Comentei com uma colega isso e ela disse que outro colega gago (que pelo discurso dele me ajudou a perceber tudo isso) chorará um mês quando perceber.

O meu lema era a afirmação de Wendell Johson (1946, p.458): “Se você nunca foi gago não pode ter a mais remota idéia do misterioso poder de desaprovação da sociedade para com isso a que chamam de gagueira. É talvez uma das influências sociais mais desmoralizantes, perplexificantes e aterradoras de nossa cultura”.

Agora meu lema são estas palavras como:
“(...) A questão é que agora eu me permito gaguejar. Ou seja, sei que a disfluência faz parte da fluência. Além de não me martirizar, me culpar, me anular diante da gagueira. Nesses momentos, sei que a gagueira manifestou-se justamente porque eu antecipei-a, previ sua aparição e consequentemente gaguejei. (...)”, Wladimir Damasceno, 14/05/2007.

Eufórico no dia seguinte após supor que entendi o que é a minha gagueira

30/out: Cada um é o possível em cada fase. Há vários estágios. Estou montando meu quebra-cabeça, que o montarei permanentemente. Acredito que há pessoas que disfluem muito, mas não são gagas. Há pessoas que disfluem pouco e são gagas. Porque a gagueira é a auto-imagem de mau falante. Hoje, para mim é verdade a diferenciação de três coisas na gagueira:
- Auto-imagem de mau falante = gagueira;
- As manifestações da tentativa de controlar a fala: repetições, bloqueios, prolongamentos e movimentos corporais inadequados; e
- Os sintomas: várias formas de sofrimento.
Tento agora libertar-me do sofrimento. Quero gaguejar muito. Preciso disso. Para cada dia provar-me que sou gago e não preciso sofrer. Mas preciso que conquistas estejam conscientes no caminho. Cansei de tentar ser o melhor em tudo: isso era negação por compensação.

O primeiro exercício que fiz: passei a falar sobre gagueira com todos. Percebi que adoro falar sobre gagueira e as pessoas adoram saber. Tenho retirado vários falsos conceitos, segundo acredito, dentro das minhas possibilidades intelectuais;

Segundo exercício: tenho incluído propositalmente gagueira. Foi uma luta interna fazer isso. Como aceitar-me como gago se a minha vida inteira o que mais fiz foi tentar esconder a gagueira, que é o que me traz tantos sentimentos negativos?! Como revelar a minha maior vergonha?!E sabe o que aconteceu no exercício? A gagueira não apareceu, até nos sons com crenças tão enraizadas. Que conclusão tive? Que a gagueira deve ser tratada por dentro.

Herança genética para disfluir

30/out: “Pesquisadores” acreditam que 2/3 dos gagos têm parentes gagos. Logo, acreditam fortemente na herança genética da gagueira. E há diversas teorias que explicam os outros. Geralmente, nos questionários, a seguinte pergunta é respondida apenas pelo gago: "Parente de pessoa que gagueja?".

Suponha que gagueira NÃO seja repetições, prolongamentos e bloqueios. E sim, essas sejam as manifestações da gagueira. Assim, supondo que haja uma sutil, porém importante distinção entre:
Disfluência: desorganização ocasional sem importância entre pensamento e fala, comum entre os fluentes; e
Gagueira: auto-imagem como mau falante. Ou seja, gago é quem não acredita em sua capacidade de falar e sente medo de falar. Precisa controlar a fala: relaxamento, controlar a respiração, antecipações, substituições, forçar determinadas sílabas, pausas, prolongamentos, mudar o tom de voz, melodia, ritmo, prosódia, colocar sons de apoio, tendo como SINTOMA: sofrimento, frustração, vergonha, embaraço, angústia, culpa, sentimento de inferioridade, baixa auto-estima, constrangimento, amargura.

Como “pesquisadores” acreditam que a gagueira é decorrente de múltiplos fatores e supondo que a gagueira NÃO é hereditária, mas SIM a DISFLUÊNCIA, a pergunta poderia ser: "Parente de pessoa que disflui muito?".

Assim, essa pergunta não deveria ser respondida imediatamente pelo gago. Mas o gago poderia observar por semanas seus parentes e perceber se eles se atrapalham/se enrolam ao falar. Poderia ser observado como os parentes se percebem como falantes. Usam sons de apoio? Por exemplo, "ééééé"? Há certa descoordenação entre pensamento e fala quando estão estressados, nervosos ou em alguma situação especial? Da mesma forma, a pergunta poderia ser respondida pelos parentes próximos: pais, irmãos, tios, avós, primos.

Isso poderia servir para tirar do gago a CULPA de ser um pateta por ser incapaz de fazer algo tão fácil, que todos sem problemas físicos sabem e fazem tão bem, como falar.

Mas há um enorme PERIGO pensar nisso: o gago poderia acomodar-se e não buscar montar seu quebra-cabeça. Mas PODE também ocorrer de ser imagem de mau falante no tal grupo familiar, pois a GAGUEIRA é causada pelo meio ambiente (ambiente propício -> causa psicossocial). Também poderia haver pessoas que tiveram predisposição genética, mas não tiveram ambiente propício e não se tornaram gagos. Também poderia haver pessoas que não tinham predisposição genética, mas tiveram ambiente propício e se tornaram gagos. Penso que se a pessoa pode ter predisposição genética (ou psíquica) aliado ao ambiente propício, teria tudo pra ter se tornado gago. Isso explicaria o porquê de tantos gagos terem casos na família.

Disfluências

28/out: Descobri que disfluo muito. Essas disfluências fazem-me ligar os alarmes e passava a antecipar. Como agora sei desligar os alarmes, não gaguejo mais em ocasiões com pessoas que sinto-me relaxado e confiante na fala. Isto é, disfluo, sorrio internamente porque agora sei que são disfluências normais que até mesmo fluentes têm. Ou seja, não me exijo uma fluência 100%, porque isso não existe. É delicioso saber, e chorei muito quando percebi que eu disfluo pra caramba, o que é normal. Antes ligava todos os alarmes. Agora desligo os alarmes, ou nem os ligo mais. Assim, continuo a falar, sem tensão, com disfluências e tudo. Pois isso é uma fala normal, porque aceito que disfluência faça parte da fluência. Escuto muito rádio de notícias. Percebo que até radialistas, ótimos falantes, disfluem freqüentemente.

Hereditário?

17/out: Tenho lido tudo que posso sobre a linha de tratamento e estou convencido. Concordo com a Dra. Friedman que o que pode ser hereditário é a propensão à disfluência. Se adultos interferiram na fala (ambiente propício), isso fez com que a criança tentasse controlar a fala quando se percebesse JULGADO. Assim, formou-se a visão de mau falante.

Também poderiam haver pessoas que tiveram predisposição genética, mas não tiveram ambiente propício e não se tornaram gagos. Também poderiam haver pessoas que não tinham predisposição genética, mas tiveram ambiente propício e se tornaram gagos.

Penso que se a pessoa pode ter predisposição genética (ou psiquíca) aliado ao ambiente propício, teria tudo pra ter se tornado gago. Isso explicaria o porquê tantos gagos têm casos na família. Mas isso não tem influência alguma na linha do tratamento.

Concordo com a distinção entre: DISFLUÊNCIA: descoordenação entre pensamento e fala sem importância e comum entre as pessoas; e GAGUEIRA: que é o controle da fala (antecipação, substituição, pausas, ritmo, melodia, prosódia, falar devagar, esforço para falar, tensão) e seus sintomas (amargura, angústia, vergonha, embaraço, constrangimento, culpa, sofrimento, frustração, aumento do sentimento de inferioridade, diminuição da auto-estima, movimentos musculares).

Stuttering Forum: Best fluency techniques

> overcoming fear of stuttering and the negative feelings that empower it.
How to do this:
- understand, learn about the condition
- acceptance ( toughest thing you will do )
- desensitise, slowly you need to put yourself in fearful situations, the only way to break down the fear is to begin facing it.
carpe diem
http://www.stutteringforum.com/forums/showthread.php?t=1604

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Sanderson,

Rapaz, sua mensagem também me dá muitas forças.

Eu também não descarto nenhum estudo feito sobre a gagueira. É lógico, pra mim, que há um funcionamento "anormal" no cérebro. Há quanto tempo temos que as situações comunicativas são de expectativa? Que nos colocam medo, ansiedade...? Que nos vemos negativamente? Que esperamos a aceitação dos outros (e nossa)? Tudo isso reflete no cérebro, com certeza. As pessoas parecem ignorar essas questões e acreditam que a causa está nesse funcionamento "anormal", no excesso de dopamina. Seria causa ou consequência?

Sobre o pagoclone...atualmente já existem medicamentos que nos deixam mais relaxado! Lembra-se que tomei um para ser o orador da minha turma? O pagoclone vai ser algo desse tipo. A pessoa terá que se drogar sempre. Eu não quero isso pra mim...Sei que é muito mais fácil do que fazer todas essas descobertas que estamos fazendo. Muito mais simples do que enfrentar os desafios de "cara limpa".

Não tenho dúvidas de que a visão dialético-histórica é muito completa. Tem deficiências? Deve ter (apesar de eu não encontrá-las rsrsrsrsrs!). É muito boa porque leva em consideração a sua história, não somente a imagem de um cérebro "anormal".

Depois a gente conversa sobre essas e outras coisas.

Abraços,
Wladimir

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Conversando sobre Gagueira

Hoje, 13 de novembro de 2007, inicio meu blog sobre gagueira.
Sou gago desde criança.
Desde março de 2006 tenho aprendido um tanto sobre gagueira.
E nas últimas semanas tenho percebido muitas coisas sobre a minha gagueira.
Há algum tempo gostaria de criar um blog sobre o assunto.
Mas teria conteúdo? Eu não sabia responder. Nem agora sei.
Então num email do Wladimir Damasceno, a quem considero o melhor blogger sobre gagueira do Brasil: bomfalante.blogspot.com, ganhei incentivo para começar.
Talvez este blog dure menos de uma semana. Não sei.
Mas talvez seja interessante para pessoas observarem um certo tratamento que comecei há cerca de um mês.
Talvez não dê certo. Mas certamente, tem me trazido alívio e qualidade de vida. Só por isso, já vale a pena.
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