tag:blogger.com,1999:blog-14055110290260341952024-03-12T23:44:59.226-07:00Conversando sobre GagueiraGeralmente, as pessoas não sabem o que é essa ocorrência que atinge ~1% da população ocidental. As pessoas querem saber por que ocorrem bloqueios que faz a fala sair despedaçada e com movimentos corporais. O gago não considera a gagueira engraçada. Imagina saber o que tem para falar, tentar e não conseguir. Como você se sentiria? Engraçado?Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.comBlogger33125tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-44726740818211958672008-01-22T11:27:00.000-08:002008-01-23T05:26:42.225-08:00O medo de se exporEda Cecília Marini <br />Expor-se.<br />Expor o corpo físico tal qual é, sem exigir a perfeição estética, aceitando limitações, sem crítica e sem comparações.<br />Expor os pensamentos com clareza e realidade, os vícios mentais, rótulos e preconceitos.<br />Expor-se.<br />Exprimir as emoções e sentimentos tal qual brotam originalmente, sem fingimentos, com autenticidade, sem a preocupação com julgamentos. Por a público toda a carga que se carrega na mente e na alma, acumulada durante tantas vidas, tantos séculos. É tirar a máscara social, mostrar limitações, fraquezas, e por que não, falhas, medos, enfim, mostrar aos quatro ventos a própria vulnerabilidade.<br />Por trás de todo o barulho da mente há uma dimensão de vazio; a mente o esconde cobrindo-o com uma performance bela e conveniente, condizente com a expectativa social. Essa cobertura é decorativa e ilusória, finge ser alguma coisa, ser alguém. É funcional, sim, enquanto faz parte do jogo de troca de poder, enquanto o indivíduo não está na consciência pessoal.<br />Desde a mais tenra idade somos condicionados a reprimir, - não educar - pensamentos, sentimentos e emoções, fingir o que não somos, tendo atitudes e comportamentos em desacordo com a alma, criando máscaras para as diferentes situações, que juntas fazem parte da grande máscara cujos traços definem nossa personalidade, a persona de cada um.<br />Quem nunca ouviu dos mais velhos, quando criança:<br />“Seja bonzinho senão não gosto mais de você”…<br />“Mamãe não gosta de criança que faz isso”…<br />“O que os outros vão pensar”?<br />Então, para não ser rejeitado pela família, grupo social, amigos, enfim sociedade, é preciso armar esquemas, representar o tipo esperado, traçar comportamentos quase sempre tortuosos. Profissionalmente, para conquistar ou não perder o status conquistado nem ser desvalorizado ou desrespeitado é preciso representar o forte, imbatível, incansável, criativo, seguro, corajoso, inteligente, esperto, perfeito... enfim, um processo extremamente desgastante, pois sustentar tipos e falsidades a fim de manter a máscara esgota, é cansativo e altamente frustrante. É preciso inventar-se cada vez mais a fim de reforçar e sustentar o que não é real.<br />Mas, aqui sempre cabe a afirmação: “Se não for assim, não serei aceito, respeitado, valorizado… Posso ficar só”… Então, por que não manter a máscara se é tão funcional? Não é muito mais fácil deixar como está?<br />Vamos seguir representando porque a perda é menor…<br />A máscara só existe por causa do medo.<br />Entretanto, para ser autêntico, não é preciso ter medo.<br />É preciso somente ter clareza no fato de que tudo que se esconde, não se assume, tende a crescer sem controle; não vejo, não quero conhecer, portanto está escondido e sendo sempre alimentado por energias semelhantes. Ao contrário, ao se expor o errado, ele desaparece, se resseca, some pois deixou de ser nutrido. Ele não consegue se manter no aberto, pois só se mantém no inconsciente, na sombra. Trazendo-o para a consciência, ele se evaporará aos poucos.<br />Mas, importante! Escondendo potenciais, algo correto, ele se esvai porque se desnutre ao se deixar de cultivá-lo com a verdade. O real vai morrendo para que o não real prospere.<br />É preciso expor primeiramente a si mesmo.<br />Reconhecer corajosamente fatos e atitudes, sentimentos e comportamentos. É talvez o mais doloroso exercício de exposição, pois significa o reconhecimento dos limites pessoais, a auto-aceitação completa, com a verdadeira modéstia e humildade, colocando o orgulho de lado. Ninguém é horrível: apenas é-se como se pode ser.<br />Reconhecer valores pessoais e suas capacidades reais; aceitar limitações não como defeitos nem como falhas mas sim como etapas de aprendizado. Olhar-se sem culpa e sem exigência de perfeição. Despir-se de auto-julgamentos e rótulos, largar preconceitos para trocar conceitos. Só assim a máscara começa a desfazer-se e o real começa a respirar. Um bom exercício é anotar em uma folha de papel, sem método, tudo que surgir à mente e ao coração - reações, pensamentos, definições, atitudes. Sem julgar. Apenas escrever o que sentir.<br />Meditar sobre isto, como se sente e assim perceber o real do que é irreal, reconhecendo a máscara.<br />O medo da mudança é natural, porque o velho é familiar a uma identidade definida, conveniente, já há muito aceita, segura e facilmente administrável. Não se deve condená-lo, pois é parte deste condicionamento social. Aceitá-lo e ir além dele pode parecer assustador, mas logo se começará a ganhar força, sua real medida; passa-se a ser um indivíduo, sai-se da massa. A sofisticação social dá lugar à individualidade, à realização pessoal como Deus a fez, crua, selvagem e com tremendo poder.<br />Na verdade, é preciso abandonar as velhas idéias para se saber quem se é, não é preciso dar saltos. Apenas caminhar passo a passo, mas com firmeza, liberando fantasmas, criações mentais, emoções reprimidas, distorcidas, atitudes desviadas, desacomodando pesares e mágoas, raiva, ambição; prazer, alegria, sexo e sexualidade.<br />Trazer das profundezas do inconsciente o que lá foi relegado, tornando-se consciente na aceitação de si mesmo. É “arejar o porão”…<br />Quanto mais se vive na máscara e por ela, mais se é automatizado, robotizado, sem consciência. Auto-conscientizar-se assemelha-se a uma ressurreição, um renascer para o poder interior, para a união com o divino.<br />Desconectar para reconectar.<br />A exposição passa a ser feita sem medo: autenticidade, não grosseria ou agressividade, mas sim caminhando de acordo com o potencial pessoal, porque já se conhece a extensão da força íntima. Ela apóia e dirige pelo caminho do equilíbrio.<br />Expor-se, então, deixa de ser doloroso ou assustador, mas sim altamente gratificante, pois traz a segurança e a satisfação da realização.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-90774991266137485132008-01-14T10:45:00.000-08:002008-01-14T10:49:08.803-08:00Da arte de aceitarEle não aceitava a moça. Ela foi, foi, conversou, conversou, rodou, rodou, artimanhou, manhou, arte e manha, miou, afinal rendeu. Criança de emoções superficiais, rápidas, espontâneas e passageiras, ele cedeu. Aceitou-a.<br />Fiquei pensando em algo tão definido pelos psicólogos e literatos, porém inesgotável e eterno como o tema humano: a necessidade de ser aceito.<br />Ser aceito não é receber a concordância. É receber até a discordância, mas dentro de um princípio indefinível<br />e fluídico de acolhimento prévio e gratuito do que se é como pessoa.<br />Ser aceito é realizar a plenitude dos sentidos do verbo latino Accipio, que deu origem à palavra portuguesa. Accipio quer dizer: tomar para si; receber, acolher; perceber; ouvir, ouvir dizer; saber; compreender; interpretar; sofrer; experimentar; aprovar; aceitar; estar satisfeito com. Tem vários sentidos, tal e qual essa aceitação misteriosa e empática que alguns nos concedem.<br />Ser aceito é ser percebido antes de ser entendido. É ser acolhido antes de ser querido. É ser recebido antes de ser conhecido. É ser experimentado antes da experiência. É, pois, um estado de compreensão prévia, que abre caminho para uma posterior concordância ou discordância, sem perda do afeto natural por nossa maneira de ser.<br />Ser aceito implica mecanismos mais sutis e de maior alcance do que os que derivam da razão. Implica intuição; compreensão milagrosa porque antecipatória; conhecimento efetivo e afetivo do universo interior; compreensão pela fraqueza; cuidado com as cicatrizes e nervos expostos, tolerância com delírio, tolices, medos, desordens, vesícula preguiçosa, medo do dentista ou disritmia.<br />Ser aceito é ser feliz. Raro, pois. Quer fazer alguém feliz? Aceite-a em profundidade. E depois discorde à vontade. Ela aceitará.<br />Artur da TávolaSandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-86962713221009700422008-01-10T10:16:00.000-08:002008-01-10T10:40:49.119-08:00E SE...não tivéssemos medo?Quem diria: aquele frio na espinha na hora de pular do trampolim é essencial para a nossa vida. O medo acaba com a gente quando estamos vendo um filme de terror ou tentando pular na piscina, mas, sem ele, não seríamos nada, coisa nenhuma. Na ausência do medo, não teríamos nenhuma reação em situações de perigo, como a aproximação de mastodonte na idade do gelo ou quando o carro vai dar de cara no poste. Essa proteção acontece involuntariamente: a sensação de temor chega antes às partes do cérebro que regem nossas ações involuntárias que ao córtex, a casca cerebral onde está o raciocínio.<br />Além desse medo primordial, existe o medo criado pela mente. Afinal, não corremos risco iminente de não perpetuar a espécie quando gaguejamos diante de uma possível paquera, ao tentar pedir aumento para o chefe ou quando construímos muralhas e bombas atômicas. Pelo contrário. “O medo de ser ridicularizado ou menos amado pelo outro é a fonte de neuroses e fobias sociais, mas está presente em todas as pessoas”, diz a psicóloga Maria Tereza Giordan Góes, autora do livro Vivendo Sem medo de Ter Medo. E o que aconteceria se seguíssemos com o medo involuntário, mas deixássemos de ter o medo imaginário? Pois é, também não seríamos muita coisa.<br />O medo é um conceito fundamental para Freud, o pai da psicanálise. Segundo ele, é o medo da castração, de ser ridicularizado ou menos amado, que faz os homens lutarem por objetivos e se submeterem a provas sexuais e sociais. Sem medo, poderíamos ficar sem motivação de competir, inovar, ser melhor que o vizinho. Pior: viveríamos num caos danado, já que o medo de ser culpado e castigado é raiz para instituições e religiões. “Nunca uma civilização concedeu tanto peso à culpa e ao arrependimento quanto o cristianismo”, afirma o historiador francês Jean Delumeau, autor do livro História do Medo no Ocidente.<br />“O medo se reproduz na forma da autoridade física e espiritual”, afirma a psicanalista Cleide Monteiro. “Ele está na base de instituições que podem ser opressoras, mas fazem a sociedade andar para a frente longe de barbáries.” Para a psicanálise, funciona assim: quando eu reconheço em mim a possibilidade de fazer mal a alguém, a enxergo também em você, então passo a temê-lo. Para podermos conviver numa boa, criamos coisas superiores para temer, como a polícia e a religião. Sem o medo, não teríamos nada disso. Sairíamos direto na faca. NARLOCK, Leandro. Revista Superinteressante. (adaptado).Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-377230434221638112007-12-18T05:21:00.000-08:002007-12-18T05:57:46.914-08:00Após dois mesesAinda tenho receio ao descrever isto porque é um assunto muito delicado pra mim, mas lá vai.<br />Acredito que deixei de gaguejar severamente, principalmente, por "chutar o balde" num assunto em setembro. Com uma gagueira menos severa pude ter oportunidade de experimentar a linha DH. Após dois meses, reinterpretei vários aspectos da gagueira e assim deixei de ser gago em diversas situações. Minha fala é completamente espontânea e não tenho quaisquer bloqueios em várias situações. Apesar de que eu ainda estranhe minha fala fluente, tento logo tirar tal pensamento para que a antecipação não ocupe lugar. Há muitas situações em que nem lembro da gagueira. São situações que ocorrem em horas de conversas com pessoas próximas, pessoas do trabalho e outros colegas em que antes eu até era fluente, mas somente com uma fala muito bem controlada, com substituições, pausas, evitações, etc. A fala controlada é desastrosa para mim porque me faz ter um gasto de energia grande.<br />No entanto, noutras situações, por exemplo, em conversas com pessoas que não me sinto à vontade, em conversas ao telefone/microfone(msn) eu gaguejo em sons que considero que tenho cismas muito enraizadas, são os casos em que há o R e L na segunda letra. Nessas situações, eu travo feio, mas continuo a fala. É como um carro que não importa se está a 40 ou 120km/h e volta e meia dá umas engasgadas, e continua. Entretanto, ainda sinto medo de conversar, p.ex. com pessoas desconhecidas ao telefone, mas falo. Assim, sou encucado e importo-me muito em relação à forma da minha fala. Mas aprendi o “aceito e continuo”. Aceitar-me gago me faz não ter medo de falar, e assim, falar. Com isso, a fala totalmente fluente e espontânea, sem qualquer antecipação tem sido muito muito mais freqüente que a gagueira. Outro aspecto é que agora consigo perceber quando estou com auto-pressão para ser fluente. Quando antecipo, busco não pensar nas palavras a serem faladas e deixar pra ocasião, apesar disso estar enraizado em mim. Chamo a isso de ligar os alertas e/ou alarmes. Mas atualmente tenho tido sucesso em diversas situações em desligar os alarmes e continuar o discurso. Nessas ocasiões consigo sair ao que chamo de meu turbilhão vicioso de gagueira e volto à minha fala fluente, gaguejada nos sons enraizados. O que é um progresso para mim, pois há situações em que eu travo tanto que balanço o corpo inteiro ao tentar forçar sons a sair: uma gagueira muito severa.<br />Após esses dois meses, sinto-me mais confortável em relação à minha fala, mas ainda sou muito grilado com a gagueira, tenho medo de falar em público, penso em como falar todos os dias. Quando preciso pedir uma informação ou falar ao telefone, antecipo tudo e fico pensando conscientemente as palavras que serão ditas para pesquisar sons que devo temer, evitar e substituir. Entretanto, já tive oportunidade de falar em público e a fala fluiu, mesmo que gaguejada. Bem, acho que hoje sofro um pouco menos em relação à minha fala.<br />Além disso, repenso minhas atuais percepções de cobrar-me perfeição em tudo, de exigência comigo mesmo. Não sinto mais a gagueira como uma dor ou um sofrimento. Sinto que a gagueira é só mais um problema e, apesar de desagradável, há problemas muito piores. Hoje falo abertamente sobre minha gagueira para qualquer um. Hoje penso a gagueira com muito mais bom humor e descontração. Apesar de que ainda preciso valorizar mais minha fala fluente do que os momentos de gagueira. É claro que as dúvidas são muitas, p.ex. se seria apenas uma fase boa. Mas essas novas reinterpretações são fundamentalmente baseadas na linha DH. Penso em criar um fórum em que as mensagens possam ser faladas ou tecladas. Afinal, até eu que sou gago sei que falar é muito muito mais fácil que teclar.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-186460462922926002007-12-12T14:08:00.000-08:002007-12-12T14:18:28.271-08:00GaguejandoCerto colega é, atualmente, a pessoa com quem mais gaguejo. Ele é bacana, mas tem um problema: é inglês. E eu gaguejo muito falando em inglês com ele. Há vários fonemas que tenho dificuldade e daí fico muito mais limitado e com os alertas ligados. Terei que fazer todo um tratamento em inglês :)<br />Fui selecionado pra ser lecionar no ano que vem, nem sei no que vai dar, depois penso nisso. Mas agora estou precisando mesmo do emprego. Bem, no sábado fui no curso de capacitação (de Pedagogia). Imagina o sufoco! Fiquei a semana inteira preocupado, em como iria apresentar-me<br />(dizer meu nome, onde iria trabalhar, a disciplina a lecionar, etc), se teria que fazer apresentação de algum assunto, etc. Fui rindo no ônibus, pois se eu gaguejasse muito, o que a coordenadora faria? Ela me tiraria? E pra variar na apresentação fiquei por último, só pra aumentar a agonia. Fiquei naquela: "sou gago mesmo" e minhas mãos não estavam suando nem o coração disparado... e..., fiquei realmente surpreso: apresentei-me sem gaguejar. Não sei o que aconteceu, mas tentei não ficar feliz com isso, logo tentei ficar neutro e prestar atenção na mulher falando.<br />O curso foi todo criticando os professores que não tem didática. Todos lá eram professores universitários e ótimos fluentes, então um rapaz criticou um professor que teve, excelente técnico, mas segundo ele, ninguém entendia o que falava nem o que escrevia. Ahh não me contive, pedi a palavra e falei que se deve importar com o conteúdo, e quem reclama da forma é que na verdade não entende o conteúdo e que os alunos universitários devem ter iniciativa, que não se deve pegar na mão de todos pra atravessar a rua, mas ensiná-los a atravessar sozinhos. Uns dois discordaram de mim, inclusive a professora do curso... Quis falar da minha gagueira, e que eles falavam aquilo é porque são ótimos fluentes e não entendem as diferenças, mas achei que iria polemizar demais com um asssunto particular...<br />Depois tivemos que reunir-nos em grupos. Como fui o mais participativo, fui escolhido para falar o assunto pelo grupo. Dá pra acreditar o descaramento deles?! Quando vi aqueles dedos apontando-me, lembrei das quandas vezes fugi das apresentações, então aceitei. Que coisa, mais ansiedade por esperar minha vez pra falar aiai e meu grupo ainda por cima era o último de novo... E todos os representantes dos outros grupos falaram tão bem que foram elogiados pela professora. Ela perguntou se o meu grupo atenderia às expectativas!<br />Então comecei a falar dizendo que me deram uma imensa responsabilidade e pressão porque os representantes dos outros grupos expressaram-se muito bem. Eu não queria gaguejar, a vergonha daquelas pessoas, então passei a evitar tudo que fosse gaguejar, então minha fala passou a ser patética e em certo momento travei feio... mas continuei... aí um colega do grupo me salvou e começou a falar e depois outro também, então eu também completei e a professora também e foi assim...<br />Fiquei mal, mas logo pensei: "ahh, sou gago mesmo, deixa pra lá, não posso ficar cobrando-me em ser perfeito ou tão bom quanto os outros". E consegui até o curso acabar. Mas depois fiquei chateado. Só de madrugada é que percebi que eu falara para 20 pessoas... e gaguejando ou não, falara.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-83552640139794687082007-12-12T13:46:00.000-08:002007-12-12T14:00:11.760-08:00Minha auto-pressão para falarHá algumas semanas percebi que eu estava usando novos truques: gagueira proposital, pensar "dane-se", etc. Como passei a ter tempos de fluência, passei a substituir novamente para não estragar e não deixar a fala descontínua. Então num domingo indo pra missa pensei em não mais usar tais truques. Depois da missa fui "treinar" numa conversa com o padre. Mas depois uma pessoa do meu trabalho com sua esposa me viram e vieram conversar comigo. Deu vontade de fugir, pois eu tinha certeza que gaguejaria. Mas resolvi ficar e "enfrentar". Levei a conversa pro meu assunto predileto: gagueira. E estava com uma gagueira moderada até que ele me perguntou sobre meu trabalho. É que gaguejo muito ao falar do meu trabalho. Gaguejei tanto que fiquei o domingo inteiro chateado, pensando que "regredira um mês". Depois de tanto refletir, supus ter encontrado os motivos, que são subjetivos, por ter gaguejado tanto. Eu me obrigo a ser fluente com pessoas em certas "posições" e o que ela "representa". Aliado ao fato de que eu não conseguir substituir palavras ao explicar meu trabalho porque são termos técnicos e únicos, já os gaguejei muito e ficou incutido em mim a dificuldade de falá-los. Dias depois conversei novamente com a pessoa e expliquei a situação, que não deve ter entendido, mas para mim foi importante. Mesmo o sofrimento foi bom para perceber meus momentos de gagueira severa.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-19071540430655333302007-11-22T11:01:00.000-08:002007-11-22T11:03:47.945-08:00Nem aíNoutro dia conversei com um colega pelo msn. Eu não estava "nem aí" para o que ele pensasse da minha fala e quase não gaguejei. Mas recebi elogios de como estou "fluente". Isso faz com que eu admire muito minha fluência e a deseje intensamente. E isso destrói minha fala. Gostaria que não se importassem em como falo. Mas esse não é um bom caminho.<br /><br />Ontem conversando com o colega, quis mostrar que estou cada vez mais fluente e gaguejei pra carambolas. Não aprendo mesmo... Querer intensamente fluência me faz gago. Aceitar-me gago me faz fluente. Mas o desejo de ser fluente é tão grande...<br /><br />Preciso aprender a não me importar se se importam com minha fluência. Apesar do objetivo é nem lembrar, agora preciso estar atento: “Olha lá eu de novo antecipando...” e ir pro “nem aí”.<br /><br />A.V., 9 anos, disse: "Sou gago e não ligo, cê me liga a cobrar e eu desligo".<br />Preciso aprender a desligar as ligações a cobrar.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-72390002860612178462007-11-22T10:29:00.000-08:002007-11-22T10:36:52.338-08:00HeurísticaOntem pedi de novo três pães e 130 gramas de queijo: não gaguejei. Meus exercícios pequenos já estão chatos e repetitivos como os textos deste blog, que na verdade foi outro exercício: emergir todo meu iceberg.<br /><br />Assim, meus velhos hábitos me levam a tentar superar-me: precisava de algo novo, algo grande... Como não consegui uma palestra bem grande pra gaguejar e não sofrer, pensei em ler na missa... Ontem saí determinado, pensando no assunto e antecipando... Eu conseguiria, gaguejaria ou não, e não sofreria. Mas ler na missa não vai fazer com que eu deixe de gaguejar... Expondo-me a todas as situações de medo em relação à fala pode diminuir as hesitações, mas suponho que mesmo assim não deixaria de ser gago. Apenas encararia cada situação. Seria mais uma de tantas superações por causa da gagueira, seria negação por compensação de novo: http://www.abragagueira.org.br/02abr05.asp. Por este mesmo texto sei que há problemas que marcam profundamente pessoas já velhas como eu. Porque presumo que eu tenha tendência a canalizar meus problemas na fala, se eu continuar por este caminho, uma eventual situação de problemas emocionais fará com que eu passe a ser um gago severo novamente. Assim, não quero admirar-me. Não quero não me importar por gaguejar. Preciso é nem pensar.<br /><br />“Um indivíduo previamente estigmatizado não alcança aceitação completa como "normal" após a sua reabilitação. A restauração completa das funções anteriormente prejudicadas não resulta na aquisição de um status de ser humano totalmente normal. A mudança de status ocorre, mas no sentido de sair da condição de alguém que era portador de uma limitação para a de alguém com histórico de reabilitação. Isto é, o estigma de ter apresentado uma limitação persiste.”, Telford & Sawrey, 1988.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-26181111925142918382007-11-20T10:30:00.000-08:002007-11-20T10:34:42.291-08:00Bloqueio de cordas vocaisAo ler livros de ex-gagos, sugiro que se interprete como o caminho que o autor seguiu. Isto é, seria preciso adaptar os exercícios do autor para o caso do leitor. P.ex., muita gente desiste de ler Terapia Global da Gagueira quando o autor ensina como relaxar certa parte do corpo. Parece ridículo e é mesmo. Mas um colega já me disse que tem a mesma manifestação corporal. Acontece que cada gago deve ter manifestações corporais diferentes e suponho que todas sejam decorrentes do bloqueio de cordas vocais. Fazemos errado. Ao invés de tentar relaxar a garganta, nós gagos fazemos movimentos corporais na tentativa de fazer a fala sair. Estamos condicionados a isso desde crianças.<br />Seria preciso analisar quais manifestações corporais o gago tem. E tentar encontrar seu próprio caminho, que necessariamente será diferente de todos porque seu histórico social é necessariamente diferente.<br />Mas suponho que em todos os livros tenha o seguinte: exponha-se paulatinamente a situações de medo e aceite sua forma de falar, i.e pare de tentar esconder que é gago, pare de ter vergonha disso.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-73297597169146043302007-11-20T07:10:00.000-08:002007-11-20T07:17:06.755-08:00Medo de falarSuponho que os movimentos musculares são uma tentativa ERRADA de fazer a fala sair porque o gago não percebe que está com as cordas vocais enrijecidas. Sua atenção está toda na poluição mental que é a gagueira (controle da fala, antecipação), no que dirá, na reação do ouvinte (compaixão, angústia, frustração). Todo o processo que tentei explicar nas postagens anteriores. Suponho que o bloqueio das cordas vocais seja a certeza da gagueira em determinado som (prever a gagueira), i.e o MEDO de o gago revelar-se gago, e a vergonha de ser gago, que vem das lembranças de tantas situações frustrantes de deboche, arremedo, ridicularizações (problema social internalizado: psicossocial). Assim, o controle da fala (tentar controlar o espontâneo: antecipação) e o MEDO de passar por novas situações frustrantes andam lado a lado. Pensei o que vem antes, o medo ou a tentativa de controlar a fala. O Wladimir escreveu que o medo é produto dessa tentativa. Suponho o seguinte:<br />não confiar na capacidade de falar => vergonha de revelar que é gago => medo de falar => tentar controlar o que deve ser espontâneo => controlar a fala => antecipação => prever com exatidão onde ocorrerá a gagueira => certeza dos bloqueios => bloqueio de cordas vocais => movimentos corporais.<br />Acontece que somente após muita atenção à minha fala pude perceber essas ocasiões. Pois (não só) isso tudo acontece na velocidade de um pensamento e pode ser imperceptível se não se prestar muita atenção. Isso se torna um círculo vicioso que se auto-alimenta (tem muito mais coisas importantes que alimentam esse círculo vicioso). Em minha opinião, a quantidade de incógnitas é tão grande que o gago não consegue perceber nem distinguir. Mas após entender o problema dentro de uma lógica, possibilita-se trilhar um determinado caminho.<br /><br />Suponho que há um comando inconsciente de fechar as cordas vocais por causa do medo. É esse medo (comando inconsciente) que faz descarregar hormônios e elementos químicos percebidos nos gagos. Assim, os aspectos neurológicos seriam decorrentes dos aspectos biopsicossociais. Diversas situações frustrantes traumatizaram o gago e o medo o protegeu. Friedman não explicou exatamente esse o medo nem o Wladimir o comentou no blog dele. Mas ela fez o doutorado em Psicologia Social. Ela avaliou que o conflito falar x calar de fróid, aproximação x evitação, o desejo x fuga é o desejo de falar x medo de gaguejar. Isso explica tudo para quem consegue alcançar essa idéia. Pra mim, isso tem tudo a ver. Grosso modo, é a visão da Psicologia/Psicanálise de autores como Roberta Kelly na visão dialético-histórico.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-29531452590532482562007-11-20T07:04:00.000-08:002007-11-20T07:09:03.290-08:00TOC e gagueira?Moura, muito pertinente seu comentário. Obrigado.<br />Esse é um pensamento de muitos gagos. Por exemplo, no Orkut há uma comunidade com quase três mil gagos e lá se discute isso. Há gagos que confundem TOC, asma, pesadelo, sexualidade, ser canhoto e muitas outras coisas com gagueira. Penso que fazer terapia é uma ótima opção para auto-conhecimento e assim poder distinguir as coisas. O terapeuta não saberá o que é gagueira nem como tratá-la, mas quando o gago tratar especificamente a gagueira, conseguirá não se confundir com outras coisas.<br />Suponho que os sons com crenças enraizadas tão comuns no discurso dos gagos são decorrentes de sucessivos traumas em seus históricos sociais, que por sua vez é uma das causas da gagueira. Penso que não são TOC e que os movimentos corporais são decorrentes da tentativa errada de desbloquear as cordas vocais.<br />Posso continuar a conversar sobre gagueira contigo? Espero seus comentários.<br />“Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os, porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes”, GurdjiefSandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-48157469488152932392007-11-16T12:55:00.000-08:002007-11-16T14:31:49.542-08:00ConscientizaçãoMuitos colegas gagos me perguntam como tratar a ridicularização e o deboche dos outros.<br /><br />"Na época do Império Romano, os gagos eram exibidos em jaulas e forçados a falar para diversão dos espectadores. Hoje, muito mais civilizados, rimos deles nas histórias em quadrinhos, no cinema, no rádio e na TV". Com essa observação, o médico Charles Van Riper identificou, o que ainda hoje, em pleno século XXI, representa um grande obstáculo nos tratamentos da gagueira: o desrespeito com quem tem o problema.<br /><br />Após esse texto, uma pessoa fluente comentou que então era pra eu ser comediante. Respondi da seguinte forma:<br /><br />Oi XXX, Tudo bem? Que bom que te faço rir com algo que sempre me trouxe tanta angustia e que ainda sofro. Imagina se você soubesse tudo que tem para dizer, mas não consegue. Os sons saíssem truncados e com movimentos corporais bizarros. E se na sua vida inteira (infância, adolescência e vida adulta) todos rissem, debochassem e ridicularizassem por causa disso? Você riria de si mesmo? Você ridicularizaria a si mesmo? Você debocharia de si mesmo? É que na mídia, o gago sempre é idiotizado, nas novelas, por humoristas, etc. É sempre motivo de ridicularização. Bom se eu conseguisse rir da minha da mesma forma que você ri. Mas sabe, ainda não consigo. São milhões com esse problema no mundo. Pessoalmente, encontro-me freqüentemente com uns 40 gagos. Nos vários fóruns virtuais pelo mundo, tenho contado com mais de mil. Os sofrimentos são da seguinte forma: vergonha, culpa por não conseguir fazer algo tão “fácil” como falar, sentimento de inferioridade, baixa auto-estima, angústia, frustração, embaraço, constragimento, amargura. Já conversei com gagos que pensaram em suicídio. Outras pensaram em cortar a língua para “acabar” com a agonia. Wendell Johson (1946, p.458) definiu assim o problema: “Se você nunca foi gago não pode ter a mais remota idéia do misterioso poder de desaprovação da sociedade para com isso a que chamam de gagueira. É talvez uma das influências sociais mais desmoralizantes, perplexificantes e aterradorasde nossa cultura”. Sei que suas palavras não foram por mal. Foi por pura ignorância mesmo, i.e. falta de informação. E é por causa disso que iniciei o blog. Vamos conversar sobre gagueira? Gosto de ti. É que você perceberá a seriedade que trato o assunto. Você me conhece e sabe que sou gago de fala, mas não de cérebro. Fica com Deus.<br /><br />E tive uma resposta muito educada com um singelo pedido (aceito!) de desculpas.<br /><br />Tudo bem! A gente precisa é de mais informação :)<br />Lembro que não é uma característica. É um problema que merece atenção e tentativa de superação.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-78990690522021395832007-11-16T11:55:00.000-08:002007-11-16T11:59:12.723-08:00Fluência e gagueiraGrosso modo, a fala para os fluentes se dá segundo o seguinte processo: Pensamento -> fala.<br /><br />Para o gago é um pouquinho mais trabalhoso: Pensamento => desejo de falar => aproximação => não confiança na capacidade de falar => controlar a fala <=> tentar controlar o espontâneo <=> medo de falar <=> antecipar <=> esconder a gagueira <=> vergonha de gaguejar <=> auto-pressão para falar dependendo da situação segundo a subjetividade e história social <=> tentativa de fuga, i.e. de calar <=> evitação <=> ansiedade <=> nervosismo <=> sofrimento (angústia, frustração, amargura, culpa, sentimento de inferioridade, baixa auto-estima, constrangimento, embaraço) <=> tensão => bloqueio de cordas vocais => esforço para falar => movimentos corporais na tentativa de falar => gagueira.<br /><br />Lembrando que esse turbilhão vai <=> e volta segundo a auto-pressão para falar dependendo da situação segundo a subjetividade e história social. Quem conseguiria falar bem assim?!<br /><br />Assim, suponho que a antecipação seja um dos mecanismos para controlar a fala; que o medo é desencadeado pelas lembranças enraizadas de sons/situações que já me causaram vergonha; busco esconder a gagueira, que é a minha vergonha; entro no turbilhão (círculo é pouco) vicioso de não confiança na fala, vários tipos de sofrimento e bloqueios, em que se dá a gagueira. Ou seja, como conseqüências ocorrem os bloqueios.<br /><br />Isso explicaria porque não tenho bloqueios em certas situações: p.ex., conversas com pessoas que não me sinto julgado. Nessas situações como estou completamente relaxado, entro num círculo virtuoso, pois a fluência traz mais fluência, tenho confiança na fala, não tenho medo, assim não há necessidade de antecipar (controlar), mesmo fonemas muito internalizados que tenho uma crença enraizada que gaguejo, eu 'nem lembro' e não gaguejo.<br /><br />Nessa visão, ansiedade, medo, nervosismo, problemas emocionais e tantas outras descrições são produtos da gagueira e a intensificam.<br /><br />Por essa visão, suponho que os bloqueios, repetições e prolongamentos de sons são manifestações da gagueira, bem como as manifestações corporais. Assim, tratar as manifestações, como faz a maioria das fonoaudiólogas, entendo que não é tratamento adequado e internaliza ainda mais a gagueira no indivíduo. Essas fonoaudiólogas deveriam repensar se o que fazem é trabalho, mesmo se suas intenções sejam boas, pois “de boas intenções o inferno está cheio”. Tentar controlar o que deve ser espontâneo (a fala) faz o gago internalizar ainda mais sua auto-imagem de mau falante.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-38572453635407883742007-11-16T11:50:00.001-08:002007-11-23T05:31:38.765-08:00O que é a gagueira?Seguindo a visão Dialético Histórica: "A gagueira é o efeito de uma forma de funcionamento subjetivo singular na produção de fala, derivada de uma imagem estigmatizada de si como falante". Suponho, porque o conhecimento se dá por conjecturas, que a antecipação seja um dos mecanismos para controlar a fala; que o medo é desencadeado pelas lembranças enraizadas de sons/situações que já me causaram vergonha; busco esconder a gagueira, que é a minha vergonha; entro no turbilhão vicioso de não confiança na fala, vários tipos de sofrimento e bloqueios, em que se dá a gagueira. Ou seja, como conseqüências ocorrem os bloqueios.<br /><br />Isso explicaria por que tenho bloqueios em certas situações e noutras sou totalmente fluente: como conversas com pessoas que não me sinto julgado. Nessas situações como estou completamente relaxado, sem auto-pressão para falar, entro num círculo virtuoso, pois a fluência traz mais fluência, tenho confiança na fala, não tenho medo, assim não há necessidade de antecipar (controlar), mesmo fonemas muito internalizados que tenho uma crença enraizada que gaguejo, eu 'nem lembro' e não gaguejo.<br /><br />Nessa visão, ansiedade, medo, nervosismo, problemas emocionais e tantas outras descrições são produtos da gagueira e a intensificam.<br /><br />Por essa visão, suponho que os bloqueios, repetições e prolongamentos de sons são manifestações da gagueira, bem como os movimentos corporais. Assim, tratar as manifestações, como faz a maioria das fonoaudiólogas entendo que não é tratamento adequado e internaliza ainda mais a gagueira no indivíduo. Essas fonoaudiólogas poderiam repensar seus trabalhos. Mesmo que suas intenções sejam boas, “de boas intenções o inferno está cheio”.<br /><br />Desta forma, o pior da gagueira é qualquer forma de sofrimento: angústia, frustração, amargura, culpa, sentimento de inferioridade, baixa auto-estima, vergonha, constrangimento, embaraço.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-84055427517679004542007-11-16T11:46:00.000-08:002007-11-16T11:49:22.385-08:00Outra adaptação de uma música de Bob brincando com minha gagueira<a href="http://youtube.com/watch?v=GsVkV3AZqqI">http://youtube.com/watch?v=GsVkV3AZqqI</a><br />Gago,<br />Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos!<br />Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos!<br />Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos!<br />Get up, stand up: dont give up the fight! Levante-se, clame: não desista da luta!<br /><br />Preacherman, dont tell me, Especialista, não me diga<br />Heaven is under the earth. Que a gagueira tem solução num $$$aparelho$$$ nem num $$$comprimido$$$<br />I know you dont know. Eu sei que você não sabe<br />What life is really worth. O que realmente é a gagueira<br />Its not all that glitters is gold; Nem tudo que reluz é ouro $$$<br />all the story has never been told: toda a estória nunca foi contada…<br />So now you see the light, eh! Então agora você vê a luz, eh!<br />Stand up for your rights. come on! Levante-se por seus direitos. Venha!<br /><br />Gago,<br />Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos.<br />Get up, stand up: dont give up the fight! Levante-se, clame: não desista da luta!<br />Get up, stand up: stand up for your rights! Levante-se, clame: clame por seus direitos.<br />Get up, stand up: dont give up the fight! Levante-se, clame: não desista da luta!<br /><br />Most people think, Você vê que muitos gagos pensam<br />Great God will come from the skies, Que um comprimido ou aparelho qualquer os livrará da gagueira<br />Take away everything, Que levará embora toda a poluição mental<br />And make everybody feel high. E fará todos sentirem-se melhor<br />But if you know what life is worth, Mas se soubessem o quanto a fala e a vida são valiosas<br />You will look for yours on earth: Olhariam para suas vidas e suas falas agora<br />And now you see the light, E agora você vê a luz<br />You stand up for your rights. jah! Você clama por seus direitos! Deus!<br /><br />Get up, stand up! (jah, jah!) Levante-se, clame! Deus, Deus!<br />Stand up for your rights! (oh-hoo!) Clame por seus direitos!<br />Get up, stand up! (get up, stand up!) Levante-se, clame! Levante-se, clame!<br />Dont give up the fight! (life is your right!) Não desista da luta! A fala é seu direito!<br />Get up, stand up! (so we cant give up the fight!) Levante-se, clame! Então nós não podemos desistir da luta!<br />Stand up for your rights! (lord, lord!) Levante-se por seus direitos! Deus, Deus!<br />Get up, stand up! (keep on struggling on!) Levante-se, clame! Mantenha-se na luta!<br />Dont give up the fight! (yeah!) Não desista da luta! É isso aí!<br /><br />Especialista em gagueira-controle,<br />We sick an tired of-a your ism-skism game. Estamos cansados de seu jogo de palavras rebuscadas, dizendo que somos “leigos”<br />Dyin n goin to heaven in-a jesus name, lord. Doentes e seguindo para um caminho errado, Deus!<br />We know when we understand: Nós sabemos quando compreendemos<br />Almighty God is a living man. Deus está vivo<br />You can fool some people sometimes, Você consegue enganar algumas pessoas algumas vezes<br />But you cant fool all the people all the time. Mas você não consegue enganar todos todo o tempo<br />So now we see the light (what you gonna do? ), Então agora você vê a luz (o que vamos fazer?)<br />We gonna stand up for our rights! (yeah, yeah, yeah!) Devemos clamar por nossos direitos! É isso aí, é isso aí, é isso aí!<br /><br />So you better: Gago, então é melhor você<br />Get up, stand up! (in the morning! git it up!) Levante-se, clame! De manhã! Incomode-as!<br />Stand up for your rights! (stand up for our rights!)<br />Get up, stand up!<br />Dont give up the fight! (dont give it up, dont give it up!)<br />Get up, stand up! (get up, stand up!)<br />Stand up for your rights! (get up, stand up!)<br />Get up, stand up! ( ... )<br />Dont give up the fight! (get up, stand up!)<br />Get up, stand up! ( ... )<br />Stand up for your rights!<br />Get up, stand up!<br />Dont give up the fight! /fadeout/Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-30025469850001297342007-11-16T11:40:00.000-08:002007-11-16T11:43:51.759-08:00Brincadeira com minha gagueiraEm ingles está a letra do Bob Marley e em português adaptei para a minha gagueira. O som de violão no começo da música é muito legal: <a href="http://youtube.com/watch?v=zsAXUuJR7J0">http://youtube.com/watch?v=zsAXUuJR7J0</a><br /><br />Old pirates, yes, they rob I; Essa visão deturpada da sociedade roubou minha fala fluente<br />Sold I to the merchant ships, Levaram-me por um caminho errado<br />Minutes after they took I. Durante toda a infância, adolescência e assim por diante<br />From the bottomless pit. Hoje tenho uma poluição mental<br />But my hand was made strong, Mas meu espírito foi feito forte<br />By the hand of the almighty. Pelas mãos de meu Deus, pois muitos sucumbiram na jornada<br />We forward in this generation, Nós seguimos em frente nesta geração<br />Triumphantly. Triunfalmente<br />Wont you help to sing, Você não nos ajudará a cantar<br />These songs of freedom? Estas canções (tratamentos alternativos) de liberdade?<br />cause all I ever have: Porque TUDO que sempre tive foram<br />Redemption songs; Canções de redenção<br />Redemption songs. Canções de redenção<br /><br />Emancipate yourselves from mental slavery; Conquistem suas próprias emancipações da escravidão mental<br />None but ourselves can free our minds. NINGUÉM (nem aparelhos nem comprimidos) mas somente nós mesmos podemos libertar nossas próprias mentes<br />Have no fear for atomic energy, Sem medo de enfrentar as situações<br />cause none of them can stop the time. Porque nenhuma delas pode parar o tempo<br />How long shall they kill our prophets, Por quanto tempo elas irão calar nossos profetas (porque $$$ tantas críticas e não dar a atenção merecida)<br />While we stand aside and look? ooh! Enquanto nós evitamos e observamos?<br />Some say its just a part of it: Algumas dizem que é somente uma caracterítica. Não. É uma problema que merece atenção e tentative de superação<br />Weve got to fulfil de book. Nós queremos também realizar nossos sonhos<br />Wont you help to sing, Você não nos ajudará a cantar<br />These songs of freedom? Estas canções de liberdade?<br />cause all I ever have: Porque TUDO que sempre tive foram<br />Redemption songs; Canções de redenção, todos os dias, de todos os modos<br />Redemption songs;<br />Redemption songs.<br />---<br />/guitar break/<br />---<br />Emancipate yourselves from mental slavery;<br />None but ourselves can free our mind.<br />Wo! have no fear for atomic energy,<br />cause none of them-a can-a stop-a the time.<br />How long shall they kill our prophets,<br />While we stand aside and look?<br />Yes, some say its just a part of it:<br />Weve got to fulfil de book.<br />Wont you help to sing<br />Dese songs of freedom? -<br />cause all I ever had:<br />Redemption songs -<br />All I ever had:<br />Redemption songs:<br />These songs of freedom,<br />Songs of freedom.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-53384270764424527772007-11-16T11:38:00.000-08:002007-11-16T11:40:06.611-08:00Cinco dias sem sofrer14/nov: Ontem, 3a, 13, um pensamento salvou minha estatística. Caminhando para encontrar meus colegas gagos, pensei na conversa que teria com duas pessoas fluentes. Era um dos meus exercícios. Como o assunto poderia ter conflito, literalmente pensei: “Preciso ser fluente, preciso controlar a fala para não gaguejar e mostrar que sou seguro”. Isso arruinaria meu dia. Mas eu felizmente estava atento. Imediatamente pensei: “Não. Eu devo mesmo é gaguejar. Não devo pressionar-me para falar. Devo gaguejar. A fala gaguejada não determina se sou seguro ou não”. Suponho que este pensamento tenha salvado meu dia.<br /><br />Quase não gaguejei. Senti confiança na fala. Gaguejei sim. Mas logo pensei: “dane-se... não irei sofrer por causa disso” e fui em frente. Gaguejei bastante propositalmente e brinquei com minha fala. Fui até petulante com uma pessoa fluente que se supõe entender da gagueira. Eu disse fluentemente que não sou especialista em gagueira. Mas estou estudando para tornar-me especialista na minha gagueira.<br /><br />Ao final do encontro, eu estava sentindo-me muito bem. Com o maravilhoso sentimento de dever cumprido: fui, gaguejei e não sofri. Cinco dias sem recaídas psicológicas.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-42337272511408444532007-11-16T11:28:00.000-08:002007-11-16T11:30:23.350-08:00Antes um tabu, tornou-se meu assunto predileto!14/nov Friedman, Sílvia. Gagueira. In. Lopes Filho, Otacílio de C. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 1997, escreveu: "Ao aceitar a gagueira rompe-se o círculo vicioso que a sustenta, porque se anula a necessidade de tentar falar bem, isso permite a dissolução das tensões e o desaparecimento dos truques".<br /><br />Sinto que se não emergi tudo, emergi grande parte do meu iceberg. Preciso pensar o que mais levar pra superfície.<br /><br />Disfluo muito em minha fala fluente. Isso me causava gagueira porque eu pensava que as disfluências fossem gagueira. Então ligava os alarmes e passada a controlar a fala: gagueira. Quando percebi isso, passei a não mais ligar os alarmes. Sorrio por dentro que não preciso ligar mais nenhum alarme. Parei de gaguejar por causa das minhas disfluências, que ninguém percebe, só eu, mas porque presto atenção na minha fala. Isso é muito bom: grande parte da minha gagueira foi eliminada só com isso.<br /><br />Outro tanto foi eliminado com um truque: quando gaguejo eu penso: “dane-se...”, e continuo. Outro é que como aceito ser gago, gagos tem que gaguejar. Não quero mais esconder a gagueira. Quero falar abertamente dela. Não quero mais ter vergonha de gaguejar. Como eu poderia ser gago se não gaguejasse? Assim, devo gaguejar. Isso me liberta da pressão de bem falar. Assim minha fala tem fluído, mesmo se gaguejo. Passei a falar a “torta e a direito”.<br /><br />Sinto que já aceito a gagueira. Tento não mais substituir ou fazer qualquer outro truque. Quando substituo, volto, e enfrento a palavra infeliz. Cara limpa e sem truques!<br />Agora substituo às avessas: incluso é as palavras com sons enraizados que não consiguia falar.<br /><br />Falo normalmente pelos corredores que sou gago. Não me escondo mais. Não me calo mais. Falo nos restaurantes, em todo lugar e com qualquer um. Qualquer um mesmo? Existe alguém que tenho vergonha de dizer que sou gago? Ah, tem sim. Mas eles ainda me verão gaguejando e falando de gagueira.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-69490583378233112132007-11-16T11:26:00.000-08:002007-11-16T11:28:03.784-08:00Antecipação14/nov: Dia 29/out viajei pra SP e não consegui dormir no ônibus.<br />Estava com o livro Gagueira e Subjetividade, lia a Mensagem ao Gago de Sheehan, pensava no texto de Pedro Rodrigues e o que significava a fundo tudo aquilo. O que havia lido do site da Dra. Friedman e das mensagens do Wladimir.<br />Entendi o que é gagueira em Resende, às 2h30 da madrugada, 5h30 antes de conhecer a Dra. Friedman. Quando encontrei a Dra. Friedman e a Fga. Renata em SP, tive convicção das minhas novas percepções. Nas duas semanas seguintes, fraquejei dia sim, dia não: tive recaídas psicológicas e de fluência. É difícil ser persistente e determinado. Muitas dúvidas e pensamentos negativos me assolam. Não tenho certeza de nada. Quis tanto recarregar minhas baterias com as duas diariamente lá em SP. Mas não dá. O começo tem sido de transtornos e confusões mentais tremendos. Mas hoje estou há cinco dias sem recaídas psicológicas: gaguejo e não sofro. Por conseqüência, a gagueira diminuiu significativamente. Sinto confiança na fala. Gosto de falar. Consigo tentar enfrentar o medo das situações, pessoas e sons temidos.<br /><br />"(...) A gagueira não é um problema da fala, mas um problema da identidade do sujeito que luta para não produzir um padrão de fala que prevê, ou seja, luta para não se mostrar com uma imagem estigmatizada de falante. (...) é fundamental que o paciente tenha chegado a algum patamar de aceitação da gagueira, sendo capaz de compreendê-la não como um problema de fala, mas como produto de seu comportamento de prevê-la", Silvia FriedmanSandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-36498107268691151482007-11-16T11:18:00.000-08:002007-11-16T11:19:08.878-08:00Tratado de FonoaudiologiaSelecionei partes de Friedman, Sílvia. Gagueira. In. Lopes Filho, Otacílio de C. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 1997:<br />Conhecida máxima que alguns estudiosos da gagueira enunciaram:<br />quanto mais se tenta falar bem, menos se consegue fazê-lo.<br />O que distingue o falante comum do falante que vive a gagueira-sofrimento é, fundamentalmente, a imagem estigmatizada de falante.<br />Ao aceitar a gagueira rompe-se o círculo vicioso que a sustenta, porque se anula a necessidade de tentar falar bem, isso permite a dissolução das tensões e o desaparecimento dos truques.<br />Quanto à postura de falante como um todo o paciente se torna capaz de perceber e valorizar a sua fluência. Passa a ser capaz também de brincar com a gagueira, geralmente, gaguejando de propósito em momentos de sua escolha. Com isso deixa de perceber na sua fluência uma ameaça, um sinal de que a qualquer momento sobrevirá a gagueira.<br />Desfazer rituais para falar bem é sem dúvida uma tarefa difícil, por serem eles automatizados pelo uso, constituindo o padrão peculiar de fala do indivíduo, tanto quanto é automatizado e peculiar o padrão de falar de qualquer um de nós. Para que se possa chegar a desfazê-los é fundamental que o paciente tenha chegado a algum patamar de aceitação da gagueira, sendo capaz de compreendê-la não como um problema de fala, mas como produto de seu comportamento de prevê-la. Sentindo algum grau de aceitação para com a gagueira ele se torna capaz de ver os rituais para falar bem, como parte da gagueira e não como solução viável para ela.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-30229067325977909992007-11-16T11:01:00.001-08:002007-11-16T11:02:42.622-08:00Esforço mental12/nov: Ontem fiz mais um relato sobre a linha Dialético Histórica e acho que a reafirmei para alguns e mais dois perceberam que pode haver coerência.<br /><br />Em todas as situações meu objetivo é: gaguejar e não ter qualquer sintoma de sofrimento, em nenhuma de suas formas.<br /><br />Mas é um esforço mental grande.<br />Além do esforço mental que eu, gago, tenho para antecipar (controlar a fala), agora faço esforço mental para não antecipar e a todo instante ter pensamentos tais como este: “dane-se se gaguejei, não faço ninguém sofrer com minha gagueira, não devo fazer-me sofrer”.<br /><br />E sabe o que se dá: tenho ganho cada vez mais confiança na minha fala.<br />É maravilhoso aceitar que disfluências façam parte da fluência.<br />Tenho experimentado dias quase sem bloqueios. É fantástico.<br />Agora já parei de chorar por perceber que tenho capacidade de falar ao telefone, falar meu número de telefone, minha idade, número do apartamento, perguntar qualquer coisa para qualquer pessoa, etc. Mesmo que eu gagueje, sorrio por dentro quando sinto o medo de falar. Antes ele estava aqui e eu não tinha plena consciência. Quero ser íntimo desse sentimento.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-15542203771783399412007-11-16T10:58:00.000-08:002007-11-16T11:00:27.992-08:00Mensagem ao G811/nov: O tratamento da Dra. Silvia: Dialético Histórico, NÃO é para quem quer fluência 100%! Porque isso não existe. Este tratamento é para o gago justamente mudar sua percepção de exigir-se uma fala perfeita. Este tratamento é para o gago deixar de ter qualquer forma de sofrimento, com isto, ganhando mais qualidade de vida. Grosso modo, é um tratamento psicológico voltado à fala, por isso é dado por fonoaudióloga com especialização em Psicologia Social, pois se percebe de forma coerente que o problema da gagueira é psicossocial. Este tratamento é para pessoas que conseguem falar tudo em algum momento: sozinho, quando fala com animais, bebês, pessoas em que se percebe relaxado, em que não se sente julgado. Uma característica dita em uníssono pelos colegas de São Paulo que conversei: “É muito bom!”.<br /><br />Isso é muito subjetivo, mas suponho que se percebe resultados em qualidade de vida após quatro ou seis meses, isto é, após entender o tratamento. No meu caso, só fui conhecer a Dra. Silvia e a Fga. Renata após entender o tratamento, pois tudo está explicado na Internet e nos livros da Dra. Silvia.<br /><br />Disseram-me que estou mais confiante em relação à fala após a viagem a São Paulo. Isto não é verdade. Estou mais confiante por causa das percepções em relação à minha fala e porque chutei o balde de um assunto pessoal em setembro. Fui a São Paulo para confirmar se era o que eu estava percebendo. Se não fosse, eu estava convicto de que o tratamento não serviria para mim. Mas a Dra. Silvia deu-me oportunidade para externar o que eu sentia e confirmar minhas novas percepções em relação à minha gagueira.<br /><br />A gagueira e a solução estão aí em cada um de vocês. Cada um percorrerá o seu próprio caminho. Então por que não faço o tratamento sozinho? Porque posso sair do caminho do tratamento, isto é, posso voltar a seguir velhos hábitos. Por isso, preciso de uma pessoa experiente no tratamento que me recoloque no caminho, quando eu fraquejar.<br /><br />O tratamento começará para o gago quando aceitar a gagueira. Este tratamento se dá “às avessas”. Quando você se permite gaguejar e se aceita como gago, a fala flui. Quando você luta contra a gagueira, ela será cada vez mais intensa.<br /><br />Quando apresento o tratamento, percebo que até defensores ferrenhos das causas neurológicas ficam... pensativos.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-66180249172339509342007-11-16T10:55:00.000-08:002007-11-16T10:57:36.729-08:00Como aceitar a gagueira?11/nov: Um colega me perguntou como aceitar a gagueira. Os MEUS exercícios (que na verdade não são meus, mas que sigo de vários livros sobre o assunto, não somente da Dra. Friedman):<br />- falo aberta, franca e sinceramente sobre minha gagueira com QUALQUER um que queira me ouvir. Hoje é meu assunto predileto;<br />- incluo gagueira proposital na fala: brinco com a minha fala;<br />- tento achar a MINHA gagueira engraçada;<br />- quando gaguejo, digo “dane-se...” bem forte e fundo pra mim mesmo e continuo;<br />- quando tenho bloqueios, penso bem forte e fundo: “não sofrerei!”;<br />- faço substituição ao contrário. Incluo os sons temidos na fala. Acho que progredi um pouquinho. Antes eu tinha certeza que não conseguia falar esses sons. Agora tenho certeza que irei gaguejá-los. Mas nos últimos dias os sons, mesmo com tensão, têm saído com menos esforço;<br />- coloco-me em situações que sinto medo de falar;<br />- tento não controlar mais a fala. Quando substituo, volto e enfrento a palavra infeliz: gaguejo e tento desbloquear as cordas vocais, estranhando como é estranho eu em certas situações falar a mesma palavra fluentemente e noutras gaguejar. Percebi que é a auto-pressão que faço sobre COMO devo falar na situação e pessoa(s). Isso me fazia cair no turbilhão vicioso...<br /><br />Sou fraco. Ainda sinto que pode ser só bobagem da minha cabeça.<br />Que isso tudo pode ser somente decorrente de dias que eu naturalmente gaguejaria menos. Não tenho certeza de nada. Mas sinto que é um alívio gaguejar e não sofrer. É liberdade permitir a gagueira. Só por isso já vale a pena.<br /><br />Os blogs deveriam ser por mensagens faladas. O blogger gravaria mensagens por voz, bem como quem comentasse. Afinal, falar é muito muito mais fácil que teclar.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-79850835361042718732007-11-16T10:52:00.000-08:002007-11-16T10:54:39.565-08:00Exercícios9/nov: Decidi fazer exercícios diários para a gagueira.<br />Desde o dia 17/out faço isso.<br />Não sei se estou certo ou não, mas estou fazendo.<br />Bem, meu exercício de hoje foi o seguinte: fazer perguntas numa apresentação.<br />Todos as semanas, sou obrigado a assistir palestras sobre Computação/Matemática/Engenharia de pesquisadores. São doutores e e pós-doutores das principais universidades do Brasil e algumas vezes europeus, estadunidenses, indianos, etc.<br />Em todas as apresentações os colegas fazem perguntas.<br />Muitas vezes tive vontade, mas a vergonha de gaguejar me fez calar.<br />Hoje, decidi que faria alguma pergunta.<br />Mas as perguntas geralmente são complicadas. Como perguntas de congresso. Não dá pra fazer pergunta do tipo: "explica de novo, por favor".<br />Bem, não pode ser uma pergunta muito imbecil.<br />Pois bem, hoje a palestra foi de uma pesquisadora da Coppe e Unirio que ganhou um prêmio de uma entidade estadunidense.<br />Ela é psiquiatra e coordenou uma pesquisa sobre um medicamento, a olanzapina, em esquizofrênicos utilizando Redes Neurais e Metaheurísticas para classificar subgrupos.<br />Uma pessoa fez uma pergunta, encontrei oportunidade para a deixa pra minha pergunta.<br />Tinha que explicar a dúvida. O coração disparou, ansiedade, estas coisas de gago... Mas não dava pra perder a oportunidade ou eu ficaria frustrado.<br />Levantei a mão, esperei ter a palavra e comecei a pergunta. E bloqueei no "esquizofrenia". Daí a mulher me completou. Ai, eu não podia reclamar da mulher por ter me completado. Nem deu tempo de dizer "dane-se" mentalmente e continuei a pergunta. Depois ganhei mais coragem e aproveitei pra fazer mais umas duas perguntas só pra me acostumar. Também não dava pra abusar...<br />Depois conversando com colegas, um me disse que não sabia que sou gago. Claro, nunca havia me exposto. Fui por muito tempo um gago "por dentro". A conversa começou com todos rindo. Deixei-os rir e ri junto.<br />Então expliquei que sou gago e o que entendo da gagueira.<br />Como perceberam a seriedade que dou ao assunto, passaram a prestar atenção com seriedade também.<br />Meu objetivo foi alcançado.<br />Gaguejei na frente de uma sala cheia e não senti vergonha, nem antes, nem durante, nem depois. Não sofri.<br />Obs.: esse foi meu 2o exercício de hoje. Percebi que nunca tinha gaguejado propositalmente para mais que uma pessoa. Hoje na rua, escolhi três pessoas que me pareceram bem inamistosas e gaguejei propositalmente pedindo uma informação qualquer. Na hora tive medo porque achei que iria bloquear realmente, mas saiu heheSandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com27tag:blogger.com,1999:blog-1405511029026034195.post-72871203868929132362007-11-16T10:45:00.000-08:002007-11-16T10:47:18.413-08:00O medo1a semana/nov: Li certo tanto: História, Psicanálise, Psicologia, alguma coisa de Fisiologia, por curiosidade e assim tentando contextualizar-me em minha contemporaneidade. Li muitos casos de pacientes gagos deixarem o tratamento terapêutico quando o autor (o terapeuta) SUPUNHA que estavam prestes a chegar a algo importante do paciente.<br />Em outras palavras, SUPONHO entender o porquê dos casos que li, o paciente parou a terapia e o autor, muitas vezes de forma arrogante, deixa a entender que o paciente é um fraco por desistir quando o terapeuta SUPUNHA que resolveriam algo importante. A explicação PODE ser:<br />- É preciso saber que cada indivíduo é diferente em todos os aspectos, mesmo que todos sejamos semelhantes;<br />- Mesmo com extremo conhecimento técnico, os terapeutas não tinham muita experiência de vida e de pessoas para entender o paciente;<br />- As pessoas somos o possível em cada momento;<br />- Saber como os terapeutas e os indivíduos entendem, subjetivamente, o MEDO.<br /><br />O medo é bom. É uma defesa natural da estrutura psíquica do indivíduo. Antropologicamente, não fosse o medo, não estaríamos aqui. “O medo é um importante aliado para nos protegermos”, Dra. Roberta Kelly. O medo é um muro que nos protege (e nos protegeu) dos traumas (quando pequenas crianças/adolescentes). Há pessoas que não estão preparadas emocional e psiquicamente para entender e/ou retirar o medo de suas vidas.Sandersonhttp://www.blogger.com/profile/15564145370785200409noreply@blogger.com0